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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, julho 09, 2014

Brics chegam a consenso e formam banco de investimentos alternativo ao FMI


ARGENTINA convidada 6a Conferência Cúpula BRICS : 


Por Redação, com agências internacionais - de Brasília e Fortaleza, C

Apesar de a economia dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ter cambaleado durante 2013, ignorar ou recusar esse bloco
Os Brics  se fortalecem com a formação de um banco de investimentos
Os cinco países que formam os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) chegaram a um amplo consenso, nesta segunda-feira, sobre a criação do banco de desenvolvimento de US$ 100 bilhões, embora algumas diferenças permaneçam, afirmou um diplomata chinês nesta segunda-feira antes da reunião de cúpula no Brasil na próxima semana. Os chefes de Estado de cada um dos cinco países que compõem o Brics virão à conferência. Paralelamente ao encontro dos chefes de estado, acontecerão eventos paralelos com autoridades do setor público e privados dos países envolvidos.
O novo banco vai simbolizar a crescente influência das economias emergentes na arquitetura financeira global, há muito dominada pelos Estados Unidos e pela Europa através do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. Os líderes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul devem assinar um tratado para lançar oficialmente o banco quando se reunirem em Fortaleza (CE), no dia 15 de julho. As negociações para criar o banco se arrastam por dois anos, com alguns membros se opondo ao desejo da China de ter uma participação maior no banco, por meio de mais capital.
Um funcionário sênior do governo brasileiro havia dito em maio que as cinco nações do Brics estavam abertas a concordar em financiar o banco da mesma forma, dando-lhes os mesmos direitos. Falando a repórteres antes da cúpula, o vice-ministro chinês das Relações Exteriores, Li Baodong, disse que estava otimista.
– No banco de desenvolvimento dos Brics, todas as partes têm amplo consenso sobre esta questão. Claro que existem algumas diferenças e diferentes pontos de vista sobre questões técnicas. Estamos plenamente confiantes de que podemos chegar a um consenso e criar o banco de desenvolvimento dos Brics nesta reunião. “Neste tipo de problema técnico, os membros devem estabelecer um consenso através de consultas amigáveis​​ – disse Li, referindo-se à emissão de ações do banco.
O banco terá de ser ratificado pelos Parlamentos dos países e poderia começar a emprestar em dois anos, segundo informações dadas por um funcionário brasileiro aos jornalistas
Detalhes operacionais
A reunião, em Fortaleza, terá a coordenação do Gabinete do governador Cid Gomes. Ele acertou, em recente encontro com os ministros da Defesa, Celso Amorim, e da Justiça, Eduardo Cardozo, os detalhes operacionais e a integração das forças armadas e de inteligência estaduais e federais para a realização da VI Conferência de Cúpula do BRICS. O encontro ocorrerá no Centro de Eventos do Ceará (CEC). Paralelamente à realização da cúpula, acontecerão eventos com autoridades do setor público e privado dos países envolvidos.
Os cinco países que integram o BRICS consolidam-se como atores internacionais de crescente relevo, tanto no plano político como na área econômico-financeira. Além de definirem mais de 30 áreas de cooperação entre si, os Brics coordenam atualmente suas posições nas Nações Unidas, no G-20, no Banco Mundial e no FMI, aumentando, em função disso, a sua importância nesses foros. Todos os países do BRICS sediaram pelo menos uma Cúpula. Os encontros precedentes foram realizados em Ecaterimburgo, Rússia (2009); Brasília (2010); Sanya, China (2011); Nova Délhi, Índia (2012) e Durban, África do Sul (2013). E, em 2014, será em Fortaleza.
A ideia do Brics foi formulada pelo economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O´Neil, em estudo de 2001, intitulado “Building Better Global Economic Brics”. Fixou-se como categoria da análise nos meios econômico-financeiros, empresariais, acadêmicos e de comunicação. Em 2006, o conceito deu origem a um agrupamento, propriamente dito, incorporado à política externa de Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2011, por ocasião da III Cúpula, a África do Sul passou a fazer parte do agrupamento, que adotou a sigla Brics.
O peso econômico dos Brics é certamente considerável. Entre 2003 e 2007, o crescimento dos quatro países representou 65% da expansão do PIB mundial. Em paridade de poder de compra, o PIB dos Brics já supera hoje o dos EUA ou o da União Europeia. Para dar uma ideia do ritmo de crescimento desses países, em 2003 os Brics respondiam por 9% do PIB mundial, e, em 2009, esse valor aumentou para 14%. Em 2010, o PIB conjunto dos cinco países (incluindo a África do Sul), totalizou US$ 11 trilhões, ou 18% da economia mundial. Considerando o PIB pela paridade de poder de compra, esse índice é ainda maior: US$ 19 trilhões, ou 25%.
Até 2006, os Brics não estavam reunidos em mecanismo que permitisse a articulação entre eles. O conceito expressava a existência de quatro países que individualmente tinham características que lhes permitiam ser considerados em conjunto, mas não como um mecanismo. Isso mudou a partir da Reunião de Chanceleres dos quatro países organizada à margem da 61ª. Assembleia Geral das Nações Unidas, em 23 de setembro de 2006. Este constituiu o primeiro passo para que Brasil, Rússia, Índia e China começassem a trabalhar coletivamente. Pode-se dizer que, então, em paralelo ao conceito “Brics” passou a existir um grupo que passava a atuar no cenário internacional, o Bric. Em 2011, após o ingresso da África do Sul, o mecanismo tornou-se o Brics (com “s” ao final).
Como agrupamento, os Brics têm um caráter informal. Não tem um documento constitutivo, não funciona com um secretariado fixo nem tem fundos destinados a financiar qualquer de suas atividades. Em última análise, o que sustenta o mecanismo é a vontade política de seus membros. Ainda assim, os Brics têm um grau de institucionalização que se vai definindo, à medida que os cinco países intensificam sua interação.

*correiodoBrasil

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