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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 04, 2014


O aumento da inflação traz benefícios aos patrões 2Você já se perguntou por que o governo simplesmente não imprime mais dinheiro para dar a quem precisa? Seria muito óbvio, já que isso poderia acabar com a pobreza.
O simples fato, porém, de haver mais dinheiro na mão das pessoas não garante que a pobreza vá acabar. Ao contrário do que muitos pensam, dinheiro não mede riqueza. O volume de produção do País é que gerará riqueza, sendo o dinheiro apenas um meio de circulação.
Quando há mais dinheiro que produtos disponíveis no mercado, entra em cena a famosa lei da oferta e da procura, que determina que, quando a procura é baixa, os preços caem para incentivar as pessoas a comprar, e quando a procura é alta, os preços sobem, pois as mercadorias se tornam mais valorizadas.
Na prática, isso significa que se cada família compra um quilo de carne com R$ 10 e, no mês seguinte, essas famílias têm o dobro para comprar mais carne e o mercado não tem o dobro de carne disponível, o preço do quilo tende aumentar para um valor próximo a R$ 20.
Esse movimento, chamado inflação, é causado pela perda de valor do nosso dinheiro ou, em outras palavras, perda do poder de compra, já que o dinheiro que temos não compra mais as mesmas coisas que comprava antes.
Assim, o povo trabalhador sente na pele, ou melhor, no bolso, os efeitos da inflação, já que não pode repassar os aumentos de custos para outros, como fazem o governo e os empresários com os consumidores. No limite, a inflação aumenta o preço dos alimentos, dos aluguéis, da gasolina, etc., o que faz aumentar, por sua vez, os transportes coletivos e os serviços em geral.
Muitas vezes, os aumentos salariais são consumidos por essa desvalorização do dinheiro. Na prática, a inflação garante que o lucro dos patrões não diminua.
Nesse sentido, além de lutarmos por aumentos reais de salários, cuja reposição da perda com a inflação é um direito, temos que lutar também por uma economia que, de fato, seja planejada, atuando a serviço da classe trabalhadora, e não de uma minoria que lucra com a miséria da população.
Rafaela Carvalho, mestranda em Economia (USP) e militante da União da Juventude Rebelião

*AVerdade

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