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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, agosto 03, 2015

Ativistas iniciam marcha de 40 dias

Ativistas iniciam marcha de 40 dias para pedir medidas contra racismo nos EUA



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Washington, 1 ago (EFE).- Ativistas em defesa dos afro-americanos deram início neste sábado a uma marcha de 40 dias até Washington (Estados Unidos) para chamar a atenção sobre as injustiças raciais e reivindicar mudanças severas nas políticas de direito a voto, educação e emprego, além de diretrizes sobre o uso da força policial. Os participantes da “Travessia pela Justiça” (“Journey for Justice”) percorrerão a pé mais de 1.380 quilômetros dos estados de Alabama, Geórgia, Carolina do Sul, Carolina do Norte e Virgínia até chegar à capital em 11 de setembro.
Do R7
O movimento é organizado pela principal entidade do país sobre o tema, a Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP). O ato inicial aconteceu em Selma, no Alabama, em frente à Ponte Edmund Pettus, onde há 50 anos dezenas de ativistas afro-americanos foram duramente reprimidos pela polícia no chamado “Domingo Sangrento”. “Marchamos por nossas vidas, nossos votos, nossos empregos, nossas escolas.
Pedimos reformas políticas reais e necessitamos do apoio de todo o país”, disse o responsável pela NAACP na região sudoeste, Quincy Bates, à rede de televisão “NBC News”. O grupo também pede “ação federal para assegurar que cada estudante tenha acesso a uma educação segura e de qualidade, independentemente de onde resida ou a renda da família”, e a aprovação de medidas para elevar o salário mínimo e “priorizar a criação de emprego e a formação profissional”.
Por último, a NAACP reivindica a criação de “padrões nacionais sobre o uso da força para todos os agentes de segurança” e a aprovação de uma lei contra as práticas policiais que perseguem pessoas em função de sua raça. A marcha começa poucos dias antes de completar um ano desde que um jovem afro-americano foi morto por um policial branco em Ferguson (Missouri). Os organizadores não forneceram o número de ativistas que participa da caminhada. Na capital americana, eles planejam fazer uma celebração com discursos e atos com o lema “Nossas vidas, nossos votos, nossos empregos, nossas escolas importam”. EFE llb/cdr
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