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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, setembro 27, 2011

EDUCAÇÃO COMO GASTO, COPA COMO PRIORIDADE

Por Bráulio Wanderley


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Num país em que se celebram gols e jogadores com salários milionários, o que poderia se esperar quando o assunto é copa? A indignação por levar uns esporros da FIFA beira o ridículo! Pois, "não podemos atrasar as obras da copa", mas podemos defasar nosso soberbo avesso quadro educacional.
Não é absurdo ter um piso de R$ 1.179,80 e governadores e prefeitos chorando pra não pagá-lo, afinal, professores não tem empreiteiras pra financiar os caixas 2 destes (indi)gestores. Destarte, não é imoral ver escolas sucateadas, alunos matando professores e se matando, tragédias cotidianas abafadas pelo pão e circo da copa.
Operários fazem (justas) greves em prol de melhores salários e condições de trabalho nos estádios e de pronto são atendidos. No governo tucano mineiro, pra ficar nesse (mau) exemplo, professores estão em greve há mais de CEM dias e permanecem SEM salários e abaixo do piso nacional da categoria.
Mas vergonha mesmo é atrasar a copa. O que dirá a comunidade internacional? ÓH! E a nossa imagem? ÓH! Porém, deixa esculhambar a educação, o desmantelo já é grande mesmo e ninguém quer saber que só estamos acima de Moçambique nas notas de conhecimento matemático. Isso sim deveria ser absurdo, pois como sede do futebol, nem contar gols nossos peladeiros saberão somar num futuro breve.
Neste placar, futebol e Educação se igualam no ZERO a ZERO.
Semana passada celebraram a contagem regressiva dos 1000 DIAS que faltam para a Copa no Brasil, ops, BraZil! Nossa contagem progressiva já está em mais de 1000 ANOS de atraso na educação do Brasil, este sim com S.
 

JOSÉ DIRCEU LANÇA LIVRO "TEMPOS DE PLANÍCIE"


DO BLOG DE JOSÉ DIRCEU


Convido a todos para o lançamento do meu livro "Tempos de Planície", na próxima 4a. feira (28.09), às 19h, em Brasília. Nele, vocês encontrarão uma seleção de artigos meus publicados em diversos jornais e revistas nos últimos anos. Procuro, com esta coletânea, contribuir para o debate sobre o nosso Brasil.

Os artigos sintetizam, também, como vejo o PT, o governo federal e as relações que estes estabelecem com a sociedade, ontem e hoje. São, ainda, um manifesto pessoal pela transformação de nossa sociedade, independentemente dos obstáculos que se interponham a essa caminhada. 
Anotem os detalhes:
“Tempos de Planície”, de José Dirceu, em Brasília.
Data: 28.09. – 4ª. feira
Horário: 19h00
Local: Carpe Diem
Endereço: CLS 104, Bl D s/n lj 1 Brasília - DF

Aguardo vocês no lançamento. Espero-os no Carpe Diem. Será um prazer encontrá-los por lá!
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PAULO FREIRE: EDUCAÇÃO E LIBERDADE


Por Aluizio Moreira

Postado originalmente no http://aluiziomoreira.blogspot.com/



Paulo Régis Neves Freire, considerado internacionalmente como um dos mais importantes educadores brasileiros, criador do método de alfabetização que leva seu nome (Método Paulo Freire), nasceu na cidade do Recife em 19.09.1921.

Ingressou na Faculdade de Direito do Recife onde bacharelou-se  e aos 26 anos de idade foi contratado para dirigir o Departamento de Educação e Cultura do SESI.
Em 1958, no II Congresso de Educação de Adultos realizado no Rio de Janeiro, apresentou trabalho sobre alfabetização de adultos no qual expôs suas idéias, defendendo o método de alfabetização que deveria partir do cotidiano do educando, possibilitando ao adulto, paralelamente, conhecer sua realidade na perspectiva de desenvolver uma consciência crítica e transformadora.

Em 1959 obteve o titulo de Doutor em Filosofia e História da Educação; no ano seguinte foi nomeado professor efetivo de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Recife (atual Universidade Federal de Pernambuco) e em 1961 foi professor livre-docente da disciplina História e Filosofia da Educação da Escola de Belas Artes do Recife.

Nesse mesmo ano de 1961, o recém-eleito Prefeito do Recife, Miguel Arraes, encarregou um grupo de intelectuais para estabelecer um plano de escolarização para crianças e adolescentes carentes da cidade do Recife, cujo resultado foi um Projeto de alfabetização de crianças, adolescentes e adultos e de incentivo à cultura, aprovado pelo prefeito. Dias após, Paulo Freire participou da reunião para elaboração e aprovação do Estatuto do que foi denominado Movimento de Cultura Popular (MCP), tendo sido eleito para o Conselho de Direção.

Em 1963, com a ascensão de João Goulart à Presidência da República, Paulo Freire foi convidado para coordenar o recém-criado Programa Nacional de Alfabetização. Com o golpe que depôs João Goulart em abril de 1964, o seu método de alfabetização foi considerado pelos militares que assumiram o poder, uma ameaça à nova ordem. Paulo Freire foi preso e forçado meses depois a deixar o país. Exilou-se no Chile, onde continuou trabalhando suas idéias e fez publicar em 1967, a 1ª edição da sua principal obra “Pedagogia do oprimido”, só lançado no Brasil dois anos depois. Ainda nesse ano publica, também  no Chile, “Educação como prática da liberdade.”

Em 1968 foi nomeado consultor da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.

Em 1969 lecionou na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos e no ano seguinte foi nomeado consultor do Conselho Mundial das Igrejas (CMI), em Genebra, Suiça.

Com o golpe liderado por Pinochet ocorrido no Chile em 1973, Paulo Freire muda-se para Suíça, retornando ao Brasil em 1980, após a Lei da Anistia, filiando-se ao Partido dos Trabalhadores.
Com a vitória de Luiza Erundina para a Prefeitura da cidade de São Paulo, exerceu em 1989 o cargo de Secretário de Educação do município, passando a assessorar projetos culturais e de alfabetização em países da América Latina e África.

Paulo Freire faleceu na cidade de São Paulo em 02/05/1997 vítima infarto.

O “Método Paulo Freire”, como ficou conhecido seu método de alfabetização, é reconhecido internacionalmente não só por educadores, mas por cientistas sociais, teólogos e  militantes políticos.

Além das obras já citadas, Paulo Freire deixou-nos ainda “Educação e mudanças”, “Pedagogia da esperança”, “Política e educação”, “Pedagogia da autonomia”.  

Aluizio Moreira Franco é historiador. Camarada Comunista, histórico do PCB, e de quem muito me orgulho em ter sido seu aluno.
  *Históriavermelha

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