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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, setembro 26, 2011

Polícia de NY prende 96 manifestantes


Os participantes do acampamento em Wall Street manifestaram-se pelas ruas novaiorquinas este sábado. A polícia tentou encurralá-los e prendeu quase cem manifestantes, que se queixam de violência policial sobre uma marcha pacífica. As detenções policiais violentas sobre a marcha pacífica chocaram os manifestantes e atrairam pela primeira vez a atenção dos grandes meios de comunicação para este protesto.

Polícia de NY prende 96 manifestantes



Por Redação, com Esquerda.net- Nova York

manifestação
Acampados desde o dia 17 em Wall Street, jovens protestam por mais democracia e menos poder para o setor financeiro
A manifestação de mais de mil pessoas saiu da zona da bolsa de Nova York, onde mais de duas centenas permanecem dia e noite, em direcção aUnion Square, no centro da cidade. “Mas antes de lá chegarmos, a polícia cercou-nos e começou a prender gente de forma violenta. E sabiam muito bem quem deviam levar. Principalmente gente da equipa de imprensa e audiovisuais e todos os que têm dirigido as assembleias diárias”, disse um dos ativistas.
Após a manifestação, o acampamento voltou a reunir cerca de 600 pessoas numa assembleia na praça Zucotti, junto a Wall Street, sempre rodeada pelo forte dispositivo policial que cerca o local desde o seu início no último dia 17. Esta praça é propriedade privada de uso público, um estatuto legal que impede a polícia de tirar as pessoas de lá, ao contrário dos jardins públicos que pertencem à Câmara dirigida por Michael Bloomberg. O prefeito de Nova Iorque foi o primeiro a declarar guerra ao acampamento ainda na véspera de começar, dizendo que não queria ver os motins do Cairo na cidade.
A forma pacífica como tem decorrido o protesto acabou por ser interrompida pela acção policial. Mas não é só a polícia que tem merecido críticas dos manifestantes. A imprensa de grande circulação também tem sido criticada pelo silêncio mantido ao longo da primeira semana sobre a iniciativa. De fato, só com os incidentes deste sábado é que os media dedicaram algum espaço à iniciativa.
Os manifestantes que aderiram à acampada em Wall Street são sobretudo jovens e com reivindicações a favor de mais democracia e menos poder para o setor financeiro.
*CorreiodoBrasil




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