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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, setembro 27, 2011

O “mensalão” do PSDB em São Paulo

 
270911_psdb-mensaloPCO - Alckmin chefia um esquema que através da compra de emendas parlamentares favorece as grandes construtoras encarregadas das obras do governo.

Em meio a tantas denúncias de corrupção uma delas quase passou despercebida. Em uma matéria sem grande destaque publicada no jornal O Estado de S. Paulo do último dia 23, sexta-feira, o deputado estadual Roque Barbiere (PTB-SP) comentou um vídeo publicado na internet onde ele afirmava que "entre 25% e 30% dos parlamentares da casa (Assembleia Legislativa de São Paulo) participam de esquema de tráfego de emendas". A denúncia aponta que as emendas apresentadas pelos deputados ao orçamento são compradas pelas empreiteiras. Estas empresas pagam uma propina aos deputados que em troca apresentam projetos que beneficiam o setor em obras realizadas por prefeituras paulistas.
Perguntado sobre as denúncias, Roque Barbiere afirmou cinicamente que não iria apontar os deputados envolvidos por não ser "dedo-duro".
Mas o fato é que esta não é a primeira denúncia envolvendo o governo do PSDB e empreiteiras.
Em outubro de 2010, o governo paulista foi denunciado por um caso de corrupção bilionário nas obras do metrô de São Paulo. Na ocasião, a Operação Castelo de Areia da Polícia Federal revelou um esquema de corrupção que também envolvia pagamento de propina e favorecimento de empreiteiras.
Propinas que ultrapassavam o valor de um milhão de reais foram pagas a políticos burgueses que estavam envolvidos nas obras do metrô, em particular nos projetos de expansão das linhas Verde e Amarela. Entre os envolvidos neste esquema estavam Sergio Corrêa Brasil, atual diretor de assuntos corporativos do metrô de São Paulo e Luís Carlos Freize David, ex-presidente do Metrô e hoje um dos principais conselheiros da Dersa, estatal paulista que administra as obras viárias paulistas. Foi na Dersa que Paulo Vieira de Souza, mais conhecido como "Paulo Preto", comandou um forte esquema de corrupção. As denúncias contra "Paulo Preto" ganharam destaque depois de serem usadas na campanha presidencial de Dilma Rousseff para atacar José Serra, candidato do PSDB e ex-governador de São Paulo.
A corrupção dos "éticos"
A denúncia ocorreu poucos dias após a publicação no mesmo jornal O Estado de S. Paulo de um artigo de Carlos Alberto Di Franco, um dos principais líderes do Opus Dei no Brasil, seita católica de extrema direita, se dizer "encantado com os protestos anticorrupção ocorridos no dia 7 de setembro".
Vale lembrar que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o chefe deste esquema corrupto das empreiteiras, também é do Opus Dei. O que mostra que a ausência de campanha contra a corrupção do PSDB por parte da imprensa capitalista por um lado, e as recentes denúncias de corrupção contra o governo do PT, por outro, não são resultado de uma campanha "ética", mas de uma disputa de duas diferentes frações do regime político.
No seu artigo, Di Franco faz a seguinte afirmação sobre futuros atos como este que ocorreu no dia da independência: "Vislumbro nas passeatas da faxina verde-amarela o reencontro do Brasil com a dignidade e esperança". Uma clara referência ao movimento golpista de 1964 que teve a colaboração fundamental do Opus Dei e que também tinha como uma de suas bandeiras uma suposta luta contra a corrupção.
Assim como naquela época, a direita busca agrupar um setor conservador da classe média por trás da fachada da "ética na política". Controlando a imprensa capitalista, as denúncias contra o governo de Dilma Rousseff, embora o governo seja mesmo corrupto, tem como objetivo preparar as lutas que serão travadas entre o PT e a direita, principalmente o DEM e o PSDB, pelo controle das prefeituras das principais cidades brasileiras no ano que vem.
Neste sentido, qualquer denúncia de corrupção feita por uma organização operária deve mostrar que estes casos são fruto do controle que os grandes capitalistas, sobretudo banqueiros e grandes industriais, tem sobre o governo. Por isso, desmascarar a campanha "ética" do PSDB e do DEM, a ala mais conservadora do regime político, é fundamental para impedir mais este golpe da direita contra a população.
O vídeo abaixo é uma contribuição deste bloguezinho mequetrefe.

*GilsonSampaio

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