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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, setembro 27, 2011

O pré-sal vai de vento em pôpa

Como quase não passa um dia sem que os jornais tragam alguma notícia negativa em relação à Petrobras, quando as novidades são boas, a gente tem quase de espalhar a informação.
Hoje, o  gerente de planejamento de Exploração e Produção da estatal, Mauro Yusi Hayashi, anunciou que a produção do pré-sal brasileiro já atinge 130 mil barris/dia. E vai chegar a 1 milhão de barris/dia, em seis anos.  Podia até ser mais, mas o engenheiro Hayashi explica porque a limitação.
- Temos que calibrar a curva de produção com a capacidade das unidades de produção. Não adianta perfurar muitos poços se a plataforma tem limitação. O crescimento da produção está limitada por isso e um melhor desempenho dos poços vai se refletir num tempo de vida maior dos poços.
Aí está o motivo de ser tão importante investir na expansão no nosso parque de refino: se não tivernos capacidade de processar parte do petróleo excedente ao nosso consumo, teremos de exportá-lo em bruto. É um bom negócio, mas o de exportar derivados de primeira geração – obtidos diretamente do refino – e de segunda geração, produzidos pelas indústrias petroquímicas, estaremos desperdiçando a chance de ampliarmos não apenas nossas receitas, mas nossas indústria, os empregos e a cadeia de conhecimento que este setor produz.
Além da Petrobras, há previsão de enorme crescimento na produção de outras petroleiras – especialmente a OGX e a Repsol-Sinopec, na Bacia de Campos, e, portanto, de maiores excedentes.
Por isso, é esdrúxula a ideia de sair correndo com novas licitações, sobretudo quando pode – possibilidade, apenas, mas possibilidade – de ter sido descoberta uma nova área de grande capacidade (e qualidade) ao largo do litoral de Sergipe. O índice de sucesso exploratório da Petrobras no pré-sal é de cerca de 80 por cento, enquanto na média mundial é de 30 por cento, o que, segundo Hayashi, reduz custos imensamente, ao diminuir o número de poços a serem perfurados.
Não podemos deixar que ocorra com o petróleo o mesmo que ocorre com o ferro: correr para exportar, ter lucro rápido e não usa-lo como ferramenta do desenvolvimento nacional.


Os dólares imigrantes

Deu no Valor:
“O Banco do Brasil ganhou pelo menos US$ 1,5 bilhão em depósitos nos Estados Unidos de empresas e outros clientes que fugiram de riscos maiores em alguns bancos estrangeiros nos últimos três meses. O acirramento da crise também levou empresas multinacionais a buscar crédito nas agências do BB no exterior.
“Bancos americanos estão tendo as notas rebaixadas pelas agências de classificação de risco”, disse o diretor de negócios internacionais do BB, Admilson Monteiro Garcia. “Os bancos brasileiros se beneficiam disso.”
De julho para dá, informou, os depósitos na agência do BB em Nova York, que trabalha com pessoas jurídicas, subiram de US$ 3 bilhões para US$ 4 bilhões. Os depósitos na agência de Miami, que trabalha com “private banking”, saltaram de US$ 1,5 bilhão para US$ 2 bilhões.”
Não foi diferente em 2008: os depósitos no BB de Nova Iorque subiram quase dez vezes.
A economia brasileira só não está sólida nas páginas dos nossos jornais.

Redução de imposto não dá manchete?

Hoje de manhã, o governo publicou um decreto reduzindo a base de cálculo da Cide – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre os combustíveis. A mudança representa uma redução de 12% no tributo e algo em torno de três centavos por litro.Isso já foi feito em 2008, para equilibrar o valor pago pela importação de combustíveis, como agora.
Execto o Golobo, os jornalões “cansados” não deram manchete nem na economia.
Para você ver como esta questão de imposto é tratada apenas para criar crima político.
O nó da questão, porém, está em outro ponto e longe de ser cortado. Ao contrário, a crise mundial pode retrair os investimentos na expansão da produção de etanol. Estamos importando  por conta do preço do etanol, que fez o consumo da gasolina subir mais de 20% em relação ao ano passado, quando já gasolina já tinha tido um aumento de consumo de sete por cento.
Novas usinas e novas refinarias. É disso que o Brasil precisa e só pode contar com a Petrobras para fazê-lo.
*Tijolaço

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