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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, setembro 23, 2011

Execução só é crime para os “outros”?

Nas últimas 24 horas, foram excutadas três pessoas, por sentença judicial
Uma no Irã: um jovem de 17 anos condenado por homicídio . Outra na China: um paquistanês condenado por tráfico de drogas.
Ambos os países merecem, por conta destas execuções, condenações internacionais por atentarem contra os direitos humanos.
A terceira pessoa foi executada nos Estados Unidos.
Troy Davis, um homem negro de 42 anos,  foi condenado à morte em 1991 pelo homicídio do policial Mark Allen Macphail em Savannah, no estado da Geórgia. Sete das nove testemunhas-chave  do julgamento de Davis retiraram ou alteraram o seu testemunho, algumas alegando coerção policial.
As dúvidas fizeram um milhão de americanos, entre eles o ex-presidente Jimmy Carter, e o próprio Papa Bento XVI pedirem a suspensão da excução. Inutilmente: Davis foi executado esta madrugada.
Direitos humanos e valores da civilização, para que se exija seu respeito universal, devem ser, também, universais.
Não podem valer só “contra” os países que destoam do coro ocidental e não valer contra o mais poderoso deles. E ainda mais quando este se arroga o direito de “polícia do mundo” a pretexto de defendê-los
*Tijolaço

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