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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 21, 2013

Alunos do Mackenzie são presos por vandalismo



Quatro universitários estão entre os 61 detidos pela polícia acusados de atos de depredação durante os protestos
Quatro integrantes do Dacam (Diretório Acadêmico de Comunicação e Artes do Mackenzie) foram presos em flagrante por depredações e saques no centro da cidade e na avenida Paulista durante a manifestação de terça-feira. 
Além do grupo, o skatista profissional Luis Fernando Martins Calado, o Apelão, de 25 anos, também foi acusado de incêndio, incitação ao crime, desacato, dano ao patrimônio, desobediência, lesão corporal, resistência
Por conta das suspostas convocações para que adolescentes participassem das depredações, eles também sofrem acusação de corrupção de menores.
Segundo a polícia, eles danificaram e incendiaram um quiosque da Coca-Cola na praça do Ciclista, na avenida Paulista. Depois, teriam jogado pedras e garrafas de vidro em uma viatura da PM e em soldados. Os estudantes dizem que são inocentes. O skatista foi acusado de jogar líquido inflamável sobre o quiosque.
Nas seis manifestações anteriores que ocorreram em São Paulo desde o último dia 6, ficou clara a presença de dois grupos bem distintos. Um, pacífico, formado pela maioria. Outro, pequeno, era composto por pessoas encapuzadas que depredavam o patrimônio público, realizavam saques e confrontavam policiais
A Secretaria da Segurança Pública informou que as investigações para identificar se houve orquestração nos ataques são conduzidas pelas delegacias para onde os detidos foram levados. 
Dos 61 detidos (oito deles menores) na terça, 14 tinham passagem pela polícia por furto e roubo. A diferença foi notada no primeiro ato na avenida Paulista, no dia 6. Enquanto um grupo maior seguia pela via, outro depredava agências bancárias, quebrava entradas do metrô e colocava fogo em sacos de lixo na rua. 
No Palácio dos Bandeirantes, na segunda-feira, a tentativa de invasão foi organizada por um pequeno grupo encapuzado. O mesmo ocorreu na tentativa de invasão da sede da prefeitura e dos saques no centro da cidade.
*Nassif

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