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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 28, 2013

Equador oferece aos EUA, US$ 23 milhões, "ajuda econômica", para aprenderem sobre direitos humanos 
Equador oferece aos EUA "ajuda econômica" para capacitação em direitos humanos 
Opera Mundi
Oferta foi feita após Quito renunciar às preferências comerciais destinadas aos países andinos que combatem as drogas
O Equador anunciou nesta quinta-feira (27/06) que renuncia de maneira “unilateral e irrevogável” às preferências comerciais, a Atpdea (Lei de Preferências Comerciais Andinas e Erradicação das Drogas) dos Estados Unidos, frente às “ameaças de certos setores” do país de não renová-las, informou o secretário de Comunicação, Fernando Alvarado. Além disso, o país oferece aos EUA uma ajuda econômica de US$ 23 milhões anuais para a “capacitação em direitos humanos”. A quantia é o equivalente ao que o Equador recebe em preferências comerciais.

Segundo Alvarado, diante da “ameaça, insolência e prepotência de certos setores políticos, grupos midiáticos e poderes concretos norte-americanos, que pressionaram para que as preferências sejam retiradas”, o presidente Rafael Correa tomou essa decisão. O Equador “não aceita pressões ou ameaças de ninguém e não comercializa com os princípios nem os submete a interesses comerciais, por mais importantes que eles sejam”, sublinhou o secretário de Comunicação em coletiva de imprensa.
Efe (19/06/2013)

Correa, que ainda não recebeu pedido de asilo político de Snowden, criticou editorial escrito pelo Washington Post
Ontem, Correa rebateu editorial do jornal Washington Post, que criticou a decisão de Quito de considerar asilo político ao ex-consultor da CIA Edward Snowden. "Se Snowden tivesse vazado as informação a partir do Equador, não só ele, mas qualquer jornalista que recebesse suas informações poderia estar sujeito a uma sanção financeira, seguida de processo", disse o jornal.

Correa respondeu no Twitter. “Que descaramento!". E acrescentou: "Vocês percebem o poder da imprensa internacional? Eles conseguiram centrar a atenção em Snowden e nos países do 'mal' que o 'apoiam', fazendo-nos esquecer as coisas terríveis denunciadas contra o povo norte-americano e de todo o mundo. A ordem mundial não é apenas injusta, é imoral", acrescentou.

De acordo com Alvarado, o “Equador lembra ao mundo que as preferências comerciais foram originalmente outorgadas como uma compensação aos países andinos por sua luta contra as drogas, mas rapidamente se transformaram em um novo instrumento de chantagem”.
Sobre a “ajuda econômica”, Alvarado destacou que o valor poderia ser destinado à capacitação em matéria de direitos humanos, “que contribuiria para evitar atentados à intimidade das pessoas, torturas, execuções extrajudiciais e demais atos que denigram a humanidade”. Ele lembrou que o Equador é um dos sete países americanos que ratificaram os instrumentos interamericanos de direitos humanos, e por isso “solicita fraternalmente aos EUA que ratifiquem alguns deles”.

“Entendo que devem existir mecanismos de luta contra o terrorismo, mas não podemos admitir que esse empenho atropele os direitos humanos e a soberania dos povos”, afirmou o secretário de Comunicação equatoriano. Além disso, ele expressou o “carinho e respeito ao povo norte-americano, com o qual sempre mantivemos excelentes relações e com o qual nos solidarizamos pela espionagem massiva da qual também é alvo”.

Segundo Alvarado, “nos teria agradado que a mesma urgência exigida para a entrega do senhor [Edward] Snowden caso ele pise solo equatoriano fosse aplicada para diversos fugitivos da justiça equatoriana refugiados nos EUA”, se referindo especialmente “aos banqueiros corruptos que quebraram o país em 1999, cujas extradições foram reiteradas vezes negadas”.

Snowden

Na mesma coletiva de imprensa, a ministra coordenadora de Política, Betty Tola, explicou que é falsa a informação de que o governo do Equador havia entregado um documento ao ex-consultor da CIA. “Qualquer documento desse tipo não é responsabilidade” de Quito, sublinhou.

O governo quatoriano também informou que ainda não processou o pedido de asilo feito por Snowden porque a solicitação ainda não chegou a nenhuma de suas representações diplomáticas.

Snowden fugiu dos EUA para Hong Kong este mês depois de revelar informações sobre programas de vigilância secreta do governo dos EUA. De lá ele voou para Moscou, no domingo, e esperava-se que fosse para Havana na segunda-feira, mas não embarcou no avião que seguiu para Cuba.

O norte-americano de 30 anos, que enfrenta acusações de espionagem nos EUA, não é visto em público desde a chegada a Moscou. Autoridades russas disseram que ele permanece em uma área de trânsito do aeroporto Sheremetyevo.

* Com informações do jornal equatoriano El Telégrafo
*Mariadapenhaneles

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