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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 13, 2013

Henry Kissinger: genocida

Henry Kissinger na parede

Mário Augusto Jakobskind

O jornalista estadunidense Luke Rudkowski encostou Henry Kissinger na parede. O ex-secretário de Estado norte-americano recebia, pasmem, o premio Liberdade, fornecido por uma entidade denominada Intrepid Freedom Awards.
Luke Rudkowski questionou Kissinger em função de declaração do ex-secretário de Estado segundo a qual “o ilegal fazemos de forma imediata, o inconstitucional demora um pouco mais”.
O jornalista perguntou a Kissinger como se sentia ao receber um prêmio de liberdade quando se é um assassino de massas, procurado em muitos países e que comprou milhões de pessoas em todo o mundo? E foi mais adiante acrescentando: o senhor sabe que tudo isto (a cerimônia) é uma mentira?
Visivelmente abalado, como demonstra o vídeo que circula no youtube, Kissinger chamou o jornalista de “covarde” e insistia para que ele desaparecesse de sua frente. Claro, negou-se a fazer declarações.
A lembrança da figura nefasta de Kissinger é importante nos dias de hoje sobretudo para os brasileiros, que estão sendo informados sobre um incalculável número de crimes de lesa humanidade cometidos no contexto da Operação Condor, de responsabilidade também do ex-secretário de Estado.
Já nonagenário, Kissinger vai ficar impune para o resto da vida, mesmo se sabendo que o que aconteceu nos anos de chumbo no Cone Sul tem o seu dedo como chanceler do governo estadunidense, na época sob a chefia de Gerald Ford, substituto de Richard Nixon retirado do poder por causa do escândalo de Watergate. Os sucessivos governos norte-americanos até hoje agem no exterior sempre em defesa das grande corporações estadunidenses. No Chile, na Argentina, no Brasil, no Uruguai e na Bolívia não foi diferente nos anos de chumbo.
Já que Kissinger não será indiciado pelos acontecimentos, pelo menos que as novas gerações sejam informadas sobre como procedeu este senhor naquele período. Os arquivos implacáveis de Washington já liberados falam melhor do que qualquer coisa.
Pablo Neruda - Na área internacional, segue na ordem do dia a interrogação sobre as circunstâncias da morte do poeta chileno, Prêmio Nobel de Literatura de 1971, Pablo Neruda.
O ex-agente da CIA de nome Michel Townley está sendo acusado por Manuel Araya, motorista de Neruda, como autor do envenenamento do poeta chileno. Townley, além de processado pelos assassinatos do general chileno Carlos Prats e pelo ex-chanceler Orlando Letelier, pode estar implicado também na ação da repressão que teria resultado na morte do ex-Presidente João Goulart. Poderia ser ouvido, mas as autoridades norte-americanas não permitem, mantendo-o em absoluto anonimato.
Os indícios de que Jango foi assassinado com a troca de remédios são fortes. O ex-agente da inteligência uruguaia Mario Barreiro contou com detalhes como aconteceu a troca de remédios na ocasião em que Townley diriga a CIA na Argentina, onde morreu Jango.
A CIA também foi denunciada por Barreiro, bem como agentes brasileiros. Espera-se também que a Comissão Nacional da Verdade chegue a eles. Um depoimento de Townley seria relevante.
Grave denúncia – Da Venezuela vem uma grave denúncia feita pelo jornalista e ex-vice presidente bolivariano José Vicente Rangel. Segundo ele, a oposicionistas apoiadores do candidato derrotado Henrique Capriles Radonski assinaram contrato para a aquisição de 18 aviões de combate que seriam colocados em uma base militar dos Estados Unidos na Colômbia.
Rangel foi mais adiante na denúncia ao revelar que a operação foi feita durante uma reunião em San Antônio, Texas (sul dos Estados Unidos), onde estavam presentes opositores da Venezuela e executivos da indústria de aviões de guerra dos Estados Unidos. Rangel garantiu também que o contrato firmado no final de maio vai se materializar até novembro. Rangel exortou as autoridades venezuelanas a investigarem com todo o rigor a denúncia.
Certamente os meios de comunicação de mercado se divulgarem essa informação vão tentar ridicularizá-la de todas as formas, como já fizeram em outras oportunidades.
Como a oposição venezuelana continua tentando desestabilizar o mandato do Presidente Nicolás Maduro, todo cuidado é pouco, até porque há precedentes no sentido de desestabilizar a revolução bolivariana, inclusive com o apoio ostensivo do governo dos Estados Unidos.
José Vicente Rangel revelou também que líderes da oposição venezuelana estão viajando para o exterior com o financiamento do Instituto Nacional Democrata, subvencionado pelo Congresso estadunidense.
Depois disso, o governo venezuelano divulgou a prisão, no interior do país, de nove paramilitares colombianos que, segundo o Ministro Miguel Rodriguez Torres, da Justiça e Paz, tinham como missão o assassinato do Presidente Nicolás Maduro.
Em tempo: O Prefeito Eduardo Paes conseguiu uma façanha inédita, a de cariocas torcendo pela seleção de futebol da Argentina. É que o boquirroto político do PMDB declarou em tom irônico ao jornal britânico The Guardian que se mataria caso a Argentina vencesse a seleção brasileira numa final da Copa do Mundo de 2014.
*GilsonSampaio

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