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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 04, 2013

EIKE: UM BALÃO QUE INCENDEIA



Eike na capa de revista americana ABAIXO: “um dos maiores colapsos pessoais e financeiros da história”
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A derrocada do bilionário Eike Batista é tema de mais uma publicação internacional. O rosto preocupado do empresário estampa a capa da revista Bloomberg Businessweek, que traz a chamada “Como perder uma fortuna de US$ 34,5 bilhões em um ano”. 


Para a revista, Eike pode estar se aproximando da falência, o que seria um dos maiores – se não o maior – “colapsos pessoais e financeiros da história”.
A reportagem começa relembrando a comemoração do início da produção de petróleo pela OGX, a petroleira do grupo EBX. Tratava-se de uma visita de Eike, da cúpula política nacional – incluindo a presidente Dilma Rousseff – e de investidores estrangeiros às obras do Porto do Açu, em abril de 2012. Eram bons tempos, quando Eike, com 55 anos, surgia como a oitava pessoa mais rica do mundo e era celebrado como a personificação do crescimento econômico brasileiro.
Naquela época, Eike conseguiu apoio de muitos investidores importantes. Entre os exemplos, a Businessweek cita BlackRock e Pimco, dois dos maiores gestores de recursos do mundo, como compradores de ações e títulos da OGX. O empresário vinha de uma trajetória de ascensão como especialista em recursos naturais, potencializada pelo crescimento econômico no governo Lula e pela abertura de capital de suas empresas.
A OGX mesmo, cita a reportagem, teve o maior IPO (oferta inicial de ações) do país, levantando R$ 6,7 bilhões com base em uma estimativa de reservas potenciais de petróleo equivalente a um terço das pertencentes à Petrobras. O império de Eike se expandia, com outras empresas destinadas a prover infraestrutura para as demais unidades do grupo.

Em 2011, porém, surgiram as primeiras revisões de reservas da OGX, mais baixas do que as iniciais. Mesmo assim, Eike e o executivo à frente da petroleira, Paulo Mendonça, continuaram a destilar otimismo. Quando os resultados da empresa ficavam aquém das expectativas, Eike recorria ao mercado financeiro para financiar as operações. Em 2012, diz a revista, tanto a economia brasileira quanto os negócios da EBX desaceleraram. Neste ano, poços da OGX foram declarados improdutivos e Eike vem se desfazendo de empresas e bens pessoais. 


No DCM

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