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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 04, 2013

Tasso Jereissati, ontem, presidiu a filiação de dois médicos cearenses ao PSDB

mayra

Finalmente a Dra. Mayra vai dar atenção aos pobres de Fortaleza.


Tasso Jereissati, ontem, presidiu a filiação de dois médicos cearenses ao PSDB, um deles a Dra. Mayra Pinheiro, uma das que vaiou e tentou humilhar seus colegas cubanos aos gritos de “escravo”. Boa sorte à Dra. Mayra. É assim que se faz política, filiado aos partidos e disputando eleições. Não vaiando e tentando humilhar pessoas, ainda mais gente que não podia reagir. Que a senhora possa fazer, como candidata, aquilo que não quer fazer como médica: ir à periferia, às favelas de Fortaleza, que são mais de 500. E que ali aperte a mão das pessoas pobres, pergunte como elas vão, ouça o que precisam para serem assistidas. Ouça elas dizerem que não têm um médico no posto de saúde quando um de seus filhos passa mal, como esperam horas, dias, meses, para que alguém de branco se digne a ouvir ou ver o que lhes aflige. Quem sabe a senhora explique a eles que é preciso alta especialização para ver as perebas que tomam conta da perna do menino, ou a tosse comprida que angustia a senhora idosa? Talvez aí a senhora compreenda que eles precisam de um médico, de um médico como a senhora e outros não querem ser, porque aquelas pessoas não são bem…clientes, são apenas seres humanos. Pobres, miseráveis, escravos do isolamento e da desatenção das elites. Pode ser uma grande experiência, Dra. Mayra. Quem sabe assim a senhora possa ser gentil e atenciosa com um pobre, um negro, um desvalido. Quem sabe até, finalmente, vá lhe dar um sorriso, trocar algumas palavras. Quem sabe chegue mesmo a tocar nele. E sem luvas, imagine!
Por: Fernando Brito
 

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