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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, janeiro 13, 2016

Racismo não!: Beatles se recusavam a tocar só para brancos



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Os Beatles mostraram seu apoio ao movimento pelos direitos civis dos EUA ao recusarem-se a tocar em frente de plateias segregadas, mostra um contrato.
Por Nacho Belgrande Do Whiplash
O documento, que será leiloado na semana que vem, firma um show em 1965 no Cow Palace na Califórnia (EUA).
Assinado pelo empresário Brian Epstein, o documento especifica que os Beatles ‘não eram obrigados a se apresentarem diante de uma platéia que segregasse negros’.
O acordo também garante à banda um pagamento de US$ 40 mil (cerca de US$ 290 mil pelos índices de inflação de 1965 até hoje, ou seja, 520 mil reais ao câmbio atual).
Outras exigências incluem um praticável de bateria especial para Ringo Starr e a provisão de 150 policiais uniformizados para proteção.
Mas a organização da segurança não foi perfeita. A banda fez dois shows, uma matinê e uma performance à noite, no dia 31 de agosto de 1965. No segundo, alguns dos presentes da platéia de 17 mil pessoas atropelaram a barreira de contenção e invadiram o palco. O show foi interrompido, e os Beatles foram obrigados a esperar na coxia enquanto a ordem era restaurada.
Eles eventualmente terminaram seu set de 12 canções com ‘Help!’, seguido pelo lado B do single ‘I’m Down’. Na época, os shows da banda raramente passavam de 40 minutos de duração.
Os Beatles já tinham se manifestado publicamente quanto aos Direitos Civis em 1964, quando eles se recusaram a se apresentar em um show só para brancos no Gator Bowl em Jacksonville, Flórida.
As autoridades da cidade voltaram atrás, permitindo que o estádio fosse ocupado por membros de qualquer raça, e a banda subiu ao palco.
“Nós nunca tocamos para públicos racistas e não vamos começar agora,’ disse John Lennon. ‘Preferiríamos perder o cachê.”
A luta pela igualdade racial nos EUA depois inspiraria Paul McCartney a escrever ‘BlackBird’.
O contrato para o show dos Beatles em 1965 deve levantar cerca de cinco mil dólares quando for à venda por um leiloeiro especialista em memorabilia musical em Los Angeles no dia 20 de Setembro.
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