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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 20, 2010

Para vazamento de petróleo não há bloqueio aos Cubanos








Para vazamento de petróleo não há bloqueio


O site da BBC informa que o Governo norte-americano esta em contato com o governo cubano para tratar dos riscos do vazamento de petróleo no Golfo do México.”É nossa incumbência informar todos os nossos vizinhos, não apenas as ilhas, mas aqueles países que podem ser afetados pelos desastres que acontecem em nossas águas territoriais”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Gordon Duguid, diz a agência estatal britânica.

É tragicamente curioso que seja preciso um catástrofe ambiental para que se retome o que deveria ser o normal entre as nações, sejam elas quais forem: o diálogo. Imaginem só o paradoxo que pode vir a acontecer: os EUA colaborarem com Cuba para evitar ou tentar reparar danos ambientais, enquanto mantêm os danos causados por um bloqueio econômico que, nascido na Guerra Fria, é de uma total irracionalidade em pleno século 21.

Agora, que se aproxima uma Copa do Mundo, dá vontade de lembrar o que dizem os narradores esportivos: “não existe mais time bobo”. Também, a esta altura, não podem existir mais nações onipotentes e outras que, a elas, tenham de lhes obedecer. O mundo tornou-se tão único que este desastre mostra que, se podemos ser solidários na desgraça, não há razão para que não o possamos ser na cooperação pelo progresso mútuo. Só os medíocres acham que ser patrão é melhor do que ser parceiro.

do Tijolaço

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