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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, agosto 11, 2010

Apesar da globo, galvão e teixeira a Seleção é do Povo








Deu no New York Times

A seleção é patrimônio do povo e não de emissoras de TV

“Futuro do Brasil supera o presente dos Estados Unidos” . Não, a manchete do The New York Times não trata ainda do que será o Brasil com Dilma na presidência, em franco processo de crescimento e redução das desigualdades, em comparação com as dificuldades atuais que os EUA enfrentam para sair da crise econômica. Mas bem que poderia.

O título contundente do jornalão americano se refere à nova seleção brasileira, que encantou o mundo com a volta do futebol-arte, que sempre marcou o nosso escrete. O retorno da alegria no campo acompanha a esperança dos brasileiros de que o país continue no rumo certo, apontado por Lula, principalmente nos últimos quatro anos de seu mandato. Vai ver que foi por isso que a TV Globo não transmitiu o jogo da seleção. Deve ter achado que seria propaganda antecipada para Dilma.

Por falar nisso, foi um absurdo o povo brasileiro ter sido privado de assistir sua seleção por um canal aberto de televisão. Não me recordo de uma situação semelhante antes, mas mesmo que não seja inédita, não deixa de ser revoltante. A seleção brasileira é um patrimônio do povo e não propriedade da confederação de futebol e seus acordos com emissoras de televisão.

A seleção, mesmo com os desvios que a mercantilização excessiva do futebol causou na cabeça de alguns de nossos jogadores, é o país de chuteiras, como dizia Nelson Rodrigues, e acompanhar suas partidas pela televisão é um direito da população.

dotijolaço

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