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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, agosto 11, 2010

MERCADANTE JÁ




Pobre foge da USP.
É o que a elite queria


Sonho da elite paulista: alunos da USP saem para o recreio


Saiu na primeira página do Estadão (com incontido júbilo) e da Folha (*), (idem):

“Cai número de alunos de escola pública na USP.”

“Apesar de bônus concedido, proporção desses estudantes passou de 30% em 2009 para 26% neste ano.”

“Para pró-reitora de graduação, motivo está no maior número de vagas em universidades federais e no ProUni”.

Navalha

O verdadeiro motivo não é apenas esse a que se referiu a pró-reitora Telma Zorn.

De fato, abriram-se oportunidades fora da USP.

Mas, o frei Davi Santos, coordenador da ONG Educafro (que sustenta cursinhos populares) recomenda aos seus 6.500 alunos que não tentem entrar na USP:

“Eles só ficam humilhados, numa prova feita sob medida a cursinhos e que não considera o aprender no viver diário”.

Segundo o professor Fabio Konder Comparato, 2% dos alunos da USP são negros.

2% !

Não se pode nem dizer que os alunos pobres de escolas públicos não passem no vestibular da USP.

Eles simplesmente não fazem o vestibular.

Nem tentam.

A USP tem um sistema de bônus para atrair os pobres.

E rejeita o sistema de cotas, como recomenda o Ali Kamel.

Ou seja, os bônus da USP deram com burros n’água.

Ou não.

Porque o sonho da elite branca de São Paulo parece ser exatamente este.

Criar uma universidade sem pobre – e sem negro.

É por isso que a elite branca de São Paulo (por definição, separatista) boicota o ENEM.

Porque há o risco de o ENEM deixar pobre – e negro – entrar na USP.

Só tem um problema – sem negros e pobres, a USP está em plena decadência.

É o que mostra este estudo!

Clique aqui para ler “Serra vai deixar de ser cheiroso”.


Paulo Henrique Amorim

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