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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, outubro 13, 2011

Anistia Internacional pede que Canadá prenda Bush

No próximo dia 20, quando o ex-presidente estadunidense George W. Bush desembarcar no Canadá, deverá ser preso e processado judicialmente por sua "responsabilidade em crimes contra o Direito Internacional, incluindo tortura”.
Foi o que a Anistia Internacional pediu às autoridades canadenses, em memorando enviado há três semanas.
“Como as autoridades dos Estados Unidos não levaram à Justiça, até o momento, o ex-presidente Bush, a comunidade internacional deve intervir. Se o Canadá se abstiver de agir durante a sua visita, isso irá constituir uma violação da Convenção das Nações Unidas contra a Tortura e será uma manifestação de desprezo em face dos direitos humanos fundamentais”, declarou Susan Lee, diretora da AI para a região das Américas.
A acusação: entre 2002 e 2009, prisioneiros foram submetidos a torturas e a "outros tratamentos cruéis, desumanos e degradantes" graças à autorização dada por Bush à CIA, para que executasse um programa secreto contra suspeitos de terrorismo.
Bush é réu confesso, pelo menos em um caso: no seu livro de memórias revelou ter sido consultado pela CIA, que indagou se poderia torturar um suspeito de terrorismo, Khalid Sheikh Mohammed, com afogamento inconcluso (interrompido antes do óbito).
Como Bush admitiu haver respondido "com certeza!", a AI imediatamente pediu sua responsabilização criminal.
"A confissão do presidente Bush é suficiente para desencadear a obrigação internacional que os Estados Unidos têm de investigar esta confissão e de levá-lo à Justiça", afirmou então (novembro de 2010) um dos dirigentes da entidade, Rob Freer.
*NaufragodaUtopia

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