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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, outubro 02, 2011

Assine petição para mudanças na Comissão da Verdade


Veja aqui o abaixo-assinado que pede mudanças no projeto de lei 7.376/2010: http://www.petitiononline.com/PL7376/petition.html
Militantes pedem mudanças na Comissão da Verdade em São Paulo
Sempre presente nesta luta, a ex-prefeita de São Paulo e deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), não acredita em modificações significativas dos senadores no projeto. Em sua opinião, é preciso aprovar o projeto de lei que limita a Lei de Anistia aos perseguidos pelo Estado. Isso criminalizaria aqueles que cometeram crimes em nome do Estado.
Fábio Nassif
A breve caminhada de militantes dos direitos humanos ocorrida nesta sexta-feira (30) levou, do Museu de Arte de São Paulo até o escritório regional da Presidência da República, uma carta em defesa da verdade e da justiça, em relação aos crimes cometidos durante a ditadura militar.
Era um reduzido, mas obstinado grupo de velhos e jovens militantes da causa, insatisfeito com o projeto de lei aprovado pela Câmara, e enviado ao Senado, que cria uma Comissão da Verdade com limitações para apuração real dos fatos, e sem a possibilidade de responsabilização e julgamento dos criminosos.
Sempre presente nesta luta, a ex-prefeita de São Paulo e deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), não acredita em modificações significativas dos senadores no projeto. Em sua opinião, é preciso aprovar o projeto de lei que limita a Lei de Anistia aos perseguidos pelo Estado. Isso criminalizaria aqueles que cometeram crimes em nome do Estado. Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), o texto atual da lei de anistia beneficia perseguidos e agentes da ditadura que torturaram e mataram - isto é, limpou a barra dos militares. “Se ele já estão anistiados, vão comparecer a uma comissão e dizer a verdade sobre eventuais crimes que eles possam ter cometidos? Não vão”, acredita ela.
Outro militante antigo da causa, Cloves de Castro, ex-membro da Ação Libertadora Nacional (ALN), prometeu acompanhamento das discussões no Senado para tentar emplacar as modificações pedidas. Cloves acha que “de forma nenhuma pode ficar fora a punição daqueles que torturaram, mataram e contribuíram para todo esse processo da ditadura militar”. Ele questiona se o povo brasileiro não tem o direito de saber a verdade sobre esse momento da história.
Na chegada do grupo à frente do edifício que abriga o escritório presidencial em São Paulo, foi permitida a subida ao terceiro andar para o protocolo do documento. Recepcionados pelo chefe da segurança terceirizada do local - um ex-sargento das Forças Armadas que disse, no elevador, apoiar a punição aos torturadores - o grupo conseguiu a promessa de uma resposta da presidenta Dilma Rousseff.
Entre Crimeia de Almeida, que foi presa e torturada, e Angela Mendes de Almeida, ex-companheira do jornalista assassinado Luiz Eduardo Merlindo, estava a jovem Cândida Guariba. Neta de Heleny Guariba, diretora de teatro e militante desaparecida quando levada à “Casa da Morte” de Petrópolis em 1971, Cândida pretende assumir a tarefa de levar adiante a luta para que “deixemos de ser este país sem memória”.
Enquanto os manifestantes tentam fazer ecoar as palavras memória, verdade e justiça na sede da Presidência, Erundina ajuda a refletir os motivos históricos dessa letargia nacional. Segundo ela, “os períodos de exceção, de restrição às liberdades democráticas terminaram por apodrecimento. Não foram fruto de uma resistência tão forte capaz de exigir uma ruptura para início de outro período”, afirma. “Tanto é que os governos que se seguiram àquele período são compostos pelos que o promoveram e sustentaram, como Sarney e tantos outros”, conclui a deputada, lembrando da primeira presidência civil, que foi parar nas mãos do homem que preside o Senado, a instituição que agora avaliará o projeto de lei.
Veja aqui o abaixo-assinado que pede mudanças no projeto de lei 7.376/2010: http://www.petitiononline.com/PL7376/petition.html

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