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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, outubro 02, 2011

Milhares de prisioneiros palestinos em Israel iniciaram uma greve de fome

“Dois mil e quinhentos prisioneiros (dos aproximadamente de 7.000 que se encontram detidos em prisões israelenses) iniciaram uma greve de fome, a maioria deles se encontra em prisões na região do deserto Negev e Ashkelon (perto da Franja de Gaza)”, afirmou Fares Qadura , o presidente da Associação de Prisioneiros Palestinos à rede EFE.
“Todos os prisioneiros pertencentes à Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), hoje, se recusaram a comer.”, acrescentou.
A greve de fome está prevista para às quartas e quintas-feiras e sábados de cada semana a partir de hoje, e vem menos de três meses depois de um protesto similar que teve lugar no início de julho.
Além da greve de fome, os presos também se recusam a usar uniformes, a atender as chamadas internas e também estão descumprindo o cronograma de detenção e desobedecendo às instruções dos funcionários das prisões.
Fares explicou que as principais reivindicações dos presos são “o fim das agressões aos detentos, o fim das penas de confinamento, a reunificação de irmãos e parentes nos mesmos presídios e também exigem ter permissão para estudar.”
Campanha de desobediência
A ONG palestina Adame, que defende os direitos dos prisioneiros, anunciou o lançamento de uma “campanha de desobediência como forma de protestar contra a escalada de violência nas prisões israelenses nos últimos meses.”
A organização denunciou que “o agravamento das condições de detenção começou depois que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou uma mudança na política prisional, que ele qualificou de ”muito generosa“.
Em junho passado, Netanyahu anunciou que “as excelentes condições de que gozam os terroristas em prisões israelenses vão terminar” e disse que o governo “está comprometido com a lei israelense e o direito internacional, mas nada mais além disso.”
“Acabei com esse procedimento absurdo que permitia aos terroristas em prisões israelenses, que mataram pessoas inocentes, poder se matricular em estudos acadêmicos. Não haverá mais licenciaturas por homicídio ou doutorados por terrorismo”, sentenciou.
Adames afirma que as novas medidas tomadas pelo Serviço Prisional de Israel “têm dificultado o acesso aos livros e à educação de reclusos, tem reduzido as visitas familiares e aumentado o isolamento, as multas e os castigos.”
Tradução e ilustração de Natalia Forcat
*comtextolivre

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