Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, outubro 20, 2011

Estudantes fazem "faxina" na Rede Globo

Faxina na Globo 
(Foto: Fernanda Rangel)
De forma muito irreverente um grupo de 30 estudantes realizou uma grande faxina na tarde desta quarta-feira na frente da Rede Globo de televisão no Rio de Janeiro. Armados com balde, sabão e vassoura os manifestantes afirmaram estar varrendo a “sujeira do monopólio dos meios de comunicação no Brasil”.
O ato contou com a simpatia dos moradores do Jardim Botânico que de suas janelas batiam palmas e incentivavam o ato. Organizado por entidades do movimento estudantil como a UNE a UEE-RJ e o DCE Facha o ato contou também com o apoio do sindicato dos petroleiros e da FALE-Rio (Frente Ampla pela Liberdade de Expressão).
De acordo com Bruno Ferrari, presidente do DCE Facha, “a Rede Globo de televisão foi escolhida por ser o símbolo maior do monopólio das comunicações no Brasil”.
Estudantes da UNE estiveram presentes.
(Foto: Fernanda Rangel)
O ato fez parte das comemorações da Semana Internacional pela Democratização dos Meios de Comunicação. Na terça-feira um showmício no Buraco do Lume, centro do Rio de Janeiro, apresentou para a sociedade a proposta de Marco Regulatório das Comunicações que esteve durante um mês aberta para consulta pública. Esta proposta foi entregue para o ministro das comunicações Paulo Bernardo ontem de manhã. Agora o movimento espera que o ministro encaminhe a proposta para o Congresso Nacional até o fim de novembro deste ano.
Entre as propostas do novo Marco Regulatório das Comunicações está a o fim da propriedade cruzada, ou seja, a proibição de que uma única empresa seja dona de rádio, TV e jornal. Segundo Flávia Calé, presidente da União da Juventude Socialista, “a possibilidade de propriedade cruzada só existe no Brasil”.
Telesur cobriu toda a manifestação 
(Foto: Fernanda Rangel)
Dezenas de policiais militares e seguranças privados acompanharam a manifestação de hoje, provavelmente chamados pela Rede Globo. Do início ao fim o ato contou com a cobertura da Telesur, canal de televisão da América Latina com sede na Venezuela. Segundo os organizadores a chuva atrapalhou a manifestação, mas um novo ato será convocado para o início de novembro para dar continuidade à luta pela aprovação do novo Marco Regulatório das Comunicações.
*comtextolivre

Nenhum comentário:

Postar um comentário