Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, outubro 18, 2011

Ética do Cerra não enche uma ambulância superfaturada


Sugestão do amigo navegante Roberto Martins

Saiu no Tijolaço, texto de Fernando Brito:

Serra e o seu telhado de vidro


O senhor José Serra ressuscita hoje na internet, em seu blog e na imprensa que se socorre dele, para repercutir o caso das acusações ao Ministro do Esporte, Orlando Silva.


Claro que o Ministro tem a obrigação de explicar todos os seus atos. Mas não pode ser julgado apenas pelas declarações de um desviador de verba publicadas por uma revista.


Senão, teríamos de fazer o mesmo com o próprio senhor José Serra. Afinal, uma revista – a Istoé – diz que ele estava envolvido com os integrantes da “Máfia das Ambulâncias”, a partir das acusações dos empresários Darci Vedoin e seu filho Luiz Antônio, donos na Planam , que vendia as ambulâncias superfaturadas.


Descentralização, o remédio recomendado pelo senhor Serra como antídoto à corrupção é bom, mas também não é garantia de que os processos serão honestos. No caso das ambulâncias, os recursos eram repassados  às prefeituras, que faziam as licitações fraudulentas. Se, como diz Serra em seu blog, isso “dificultaria, sem dúvida, em razão de um cruzamento de controles feitos por esferas distintas”, no seu caso isso falhou.


O braço de direito de Serra e seu sucessor no Ministério da Saúde, Barjas Negri, foi multado pelo TCU por falta de fiscalização nestes convênios, firmados por indicação de emendas parlamentares.


Serra, pessoalmente, defendeu estes métodos de decisão política, em entrevista à Folha, ano passado:


“O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, revelou ontem a empresários sua fórmula para garantia de governabilidade, caso seja eleito: “Congresso você leva com emendas”.”Você não discrimina entre oposição e situação. Dá para todo mundo. Fiz isso e deu certo. Você leva. Leva ao pé da letra”, continuou.Em palestra a associações comerciais, Serra disse ser fácil “controlar as emendas no sentido da prioridade”. Na Saúde, seu secretário-executivo, Barjas Negri, indicava as áreas a serem beneficiadas: “A turma fazia. Porque o sujeito quer aprovar emenda, quer ter voto lá”.


Naquela ocasião, Serra se disse vítima de uma armação da revista, dos denunciados  e de  seus adversários políticos. Se foi assim, como vítima destes processos, Serra deveria ter mais cuidado com  acusações  que só tem a sustentá-las as declarações de um acusado e o espalhafato de uma revista.


Como toda a acusação, está sendo feito o que deve ser feito numa democracia e num estado de Direito: investigar e, havendo provas, responsabilizar e punir. Até porque a presunção da inocência vale para o ministro, vale para José Serra e vale (ou deveria valer) para qualquer cidadão.


Porque a imprensa pode e deve mostrar irregularidades documentadas. Mas não assumir o papel de investigar, julgar e condenar.

Os Traíras se Atraem e se Traem

Serra se irrita com voto de Cabo Anselmo

Nem seu arqui-rival no PSDB, o senador Aécio Neves (MG), conseguiu deixar o ex-governador de São Paulo José Serra tão irritado quanto ele ficou, ontem, com uma declaração do ex-cabo da marinha José Antônio dos Santos no programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo.
O “Cabo Anselmo”, como ficou conhecido, era um agente infiltrado da ditadura militar que levou à prisão centenas de militantes de esquerda, com a morte de alguns deles, inclusive sua própria mulher.
Pois bem. Não é que o Cabo Anselmo declarou no programa que se tivesse que votar em alguém, nas últimas eleições presidenciais, seria em José Serra?
Como se sabe, Serra foi um ativo militante da organização esquerdista AP (Ação Popular), ex-presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) e obrigado a se exilar no Chile por conta da ditadura.
Tudo o que o tucano não queria era essa declaração de voto de um traidor.

Ig(nóbil)
PodreOnline

Nenhum comentário:

Postar um comentário