Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, outubro 11, 2011

A peça começa

Tudo bem, mas não há boas noticias?

Há: na Europa não há um plano. Que dizer, há algo, tanto para manter as pessoas calmas, uns 780 biliões de Euros. É como entrar na gaiola dos leões com uma bolacha: "Fiquem calmos, há um pedaço por cada um".

E esta seria a boa notícia?
Eu acho que sim. Quando uma pessoa tem dor de dentes, a coisa melhor é ir ao dentista: dói, mas depois passa. Ficar aí, sempre com queixas, pelo contrário, não resolve.

Doutro lado, é evidente que nunca houve a intenção de resolver as coisas, bem pelo contrário: 3 anos passaram desde Setembro de 2008, o começo da crise. Havia tempo para regras, havia tempo para emendar. Se nada foi feito, é porque a ideia era outra.

Resumindo: tudo está pronto. O que acontecerá?

Vamos ver: falência grega, colapso dos bancos europeus, mercados do crédito congelados, pânico no mercado da dívida, fuga de dinheiro da Europa com destino Estados Unidos mas ainda mais novas áreas em desenvolvimento.
Crise das Bolsas, venda massiva de acções, de bens e até de metais preciosos.

Isso no começo. Porque depois da Europa será a vez do Estados Unidos. E depois, ao longo de meses ou de anos, destruição das instituições financeiras, das moedas, instabilidade política.

Mais um pouco de guerra, que dá sempre jeito nestes casos.

É isso? Provavelmente sim.
Mas nada de pânico: lembrem que é apenas uma demolição controlada.
Ou melhor: uma peça.

(Pssssst! Há outros desfechos possíveis? Claro que há, ora essa. É que hoje este parece o mais provável, só isso).


Ipse dixit.

Fontes: CNBC, SHTFplan, Los Angeles Times, Project Syndicate, Washington's blog 
*InformaçãoIncorreta

Nenhum comentário:

Postar um comentário