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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, outubro 04, 2011

Terceirizados, trabalhadores que são precarizados

 

São vítimas de uma teoria fatal para os trabalhadores: o neoliberalismo
A terceirização é uma realidade incontestável no mercado de trabalho do país. Transformou-se em fenômeno mundial em fins dos anos 80 e início dos 90, desencadeada pelo Consenso de Washington, chamado também de neoliberalismo, que nasceu em 1989, criada pelo economista inglês John Williamson, ex-funcionário do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Por decisão do Congresso norte-americano, as medidas do Consenso de Washington foram adotadas como imposições na negociação das dívidas externas dos países latino-americanos, como os de FHC (1995-2002) no Brasil e Carlos Menem (1889-1999) na Argentina.
O neoliberalismo prega que o funcionamento da economia deve ser entregue às leis de mercado. Entre as principais características se destacavam os itens flexibilizar as leis trabalhista, como a redução de subsídios e gastos sociais por parte dos governos e desregulamentação do mercado de trabalho, para permitir novas formas de contratação que reduzam os custos das empresas.
Alguns defendem o processo, dizendo que ele trouxe mais oportunidades de vagas, os movimentos sindicais lembram que representam os trabalhadores e atestam que a terceirização tem contribuído com a precarização das relações trabalhistas, especialmente no Brasil, onde a falta de uma legislação para regulamentá-la prejudica os que atuam em empresas terceirizadas.
O mercado de trabalho brasileiro registrou 8,5 milhões de trabalhadores terceirizados em 2010, segundo pesquisa do Sindeprestem - Sindicato das Empresas Prestadoras de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário do Estado de São Paulo, o sindicato que representa as empresas prestadoras de serviços a terceiros.
A terceirização mudou as relações de trabalho para pior. Os trabalhadores terceirizados normalmente têm direitos e benefícios inferiores aos oferecidos pela empresa que os contrata (terceiriza). “Muitas vezes fazem jornadas de trabalho maiores e em muitas situações sequer são contratados formalmente (com registro em carteira)", diz Jefferson José da Conceição, economista do DIEESE.
A prática de contratação recorrente em quase todos os segmentos seja no comércio, indústria, serviços e atividade pública e vem sendo adotada pelas empresas para reduzir custos, partilhar riscos, aumentar a flexibilidade organizacional e retirar direitos trabalhistas, porque é onde existe maior pressão no sentido flexibilizar o mercado de trabalho, com reflexos na contratação.
Trabalhadores terceirizados são vítimas mais fáceis de todas às dificuldades existentes nas relações de trabalho. Geralmente são contratados e expostos aos piores trabalhos e a situações mais arriscadas. O estresse é sempre agravado pela instabilidade do vínculo empregatício e medo da demissão.

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