Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 31, 2012

Lula:Preciso tomar cuidado com quem não gosta de mim’

Lula durante palestra no 5º Fórum Ministerial de Desenvolvimento, em Brasília, nesta quarta-feira 30. Foto: Pedro Ladeira / AFP
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou nesta quarta-feira 30 sobre a polêmica com o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, que o acusa de oferecer apoio na CPI do Cachoeira em troca do adiamento do julgamento do mensalão.
Sem entrar em detalhes, Lula usou sua popularidade para responder ao ministro publicamente: afirmou que precisa ter cuidado com uma minoria que não gosta dele. A declaração foi feita ao chegar ao púlpito onde proferiu palestra em um evento da ONU em Brasília.
Segundo o relato da Folha de S.Paulo, Lula afirmou: “Vou falar de pé, porque senão podem dizer que eu estou doente. Pra evitar esses pequenos dissabores [...] Você sabe que tem muita gente que gosta de mim, mas tem algumas que não gostam. Eu tenho que tomar cuidado contra essas. São minoria, mas estão aí, né, no pedaço”, afirmou.
Em nota divulgada no começo da semana, o ex-presidente havia manifestado indignação com a versão apresentada por Gilmar Mendes à revista Veja – segundo a qual, informado que o ministro poderia se complicar na CPI em razão de uma viagem supostamente paga por Cachoeira, Lula o teria chantageado. Mendes apresentou documentos na terça-feira mostrando que pagou as viagens com dinheiro próprio.
O ex-presidente argumenta ter nomeado boa parte dos ministros do Supremo (Mendes não é um deles) e que jamais interferiu nas questões do Judiciário em oito anos de governo.
A guerra de versões monopoliza a cobertura política da mídia há quatro dias, com direito a editoriais bancando o relato de Veja e acusando uma suposta crise institucional.
A história, estranha até agora, segue com perguntas até então não respondidas, como por exemplo o fato de Gilmar Mendes ter levado quase um mês para dar publicidade à “oferta”.CartaCapital
*OTerrordonordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário