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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 27, 2012

Vaticano: O mordomo é o culpado

mordomoHistórias de detetives a desvendar os crimes mais misteriosos, frutos da imaginação de grandes escritores como Arethur Conan Doyle, autor do imortal Sherlock Holmes, Agatha Crhistie, Sidney Sheldon fizeram da figura espectral de um mordomo enfatuado em seu smoking, que nunca dorme e tudo ouve, o quase sempre culpado dos crimes secretos que foram cometidos nos castelos da burguesia, nos palácios dos barões e mansões da elite privilegiada de muitos países.
Esse blogueiro que já perdeu (ou ganhou?) prazerosas horas lendo as incríveis histórias desses e outros autores, e agora já entrando na melhor(?) idade e pensando já ter lido de tudo que se referia ao gênero, quão surpreso não fica ao se deparar com outra história de mordomo na velha Europa, com castelo e tudo.
Só que dessa vez a coisa é real (em todos os sentidos), visto se tratar do mordomo da maior autoridade religiosa do planeta, sua Santidade o Papa Bento XVI.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, confirmou hoje que o mordomo do papa Bento XVI, Paolo Gabriele, foi preso pela Gendarmeria vaticana por porte ilegal de documentos secretos.
“Confirmo que a pessoa presa na quarta-feira de noite por posse ilegal de documentos reservados, encontrados em sua residência no território vaticano, é o senhor Paolo Gabriele, que ainda permanece detido”, declarou o porta-voz.
Lombardi precisou que “foi concluída uma primeira fase de instrução sumária, sob a direção do procurador de Justiça, Nicola Picardi” no caso do “ajudante de quarto” do Pontífice e que a fase de instrução formal, conduzida pelo juiz de instrução, Piero Antonio Bonnet, já teve início.
O porta-voz também afirmou que “o acusado nomeou dois advogados de sua confiança, habilitados para atuar no tribunal vaticano e já teve a possibilidade de encontrá-los”. “Ele dispõe de todas as garantias jurídicas previstas pelo código penal e pelo código de procedimento penal vigentes no Estado da Cidade do Vaticano”, destacou.
É, parece que o mordomo é mesmo o culpado.
Por: Eliseu

Escândalo no Vaticano ou o Fim do ‘Império Teocrático’?


A detenção de Paolo Gabriele, mordomo de Bento 16, levanta ‘fumos’ (o ‘fumo branco’ é simbólico neste minúsculo Estado) de estar em marcha, na Cúria romana, um complexo processo de destituição do actual papa. link
Nada de transcendente ou de original nos sobressaltos históricos que ocorrem em qualquer Estado se não estivéssemos perante um ‘sistema de governação’ medievo e autocrático, com características particulares. Na verdade o poder (no Vaticano) assenta numa total miscigenação entre a legitimidade secular e a divina.
Interessa recordar que acordo com a herança do ‘santo império romano (!)’, o titular deste cargo é eleito (nomeado) por um colégio seleccionado e selectivo, que decide sob ‘inspiração do espírito santo’. Portanto, tudo leva a crer que o processo em curso representa um ‘voto de desconfiança’ ou de ‘rejeição’ do deus dos católicos em relação ao seu putativo representante no Vaticano.
Estaremos perante o ruir dos dogmas, i.e., da base teológica que tem sustentado, ao longo de séculos, esta religião ?…
*DiarioAteista

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