A ROTA nas ruas, truculência e violência que precisam ser debatidas
Por José Dirceu
O episódio recente envolvendo a ROTA – Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, que culminou na morte de seis pessoas e na prisão de policiais no começo da semana revela os riscos da política de segurança adotada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB).
É uma política de segurança descuidada, muito perigosa na medida em que colocou a ROTA de volta às ruas, dando cada vez mais sinal verde para a ação de uma tropa que é considerada uma das mais violentas e truculentas polícias do país.”A ditadura militar acabou, mas a ROTA continua sendo a polícia da ditadura em seus métodos e formas de agir”, observa o deputado Adriano Diogo (PT), prsidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.
Agora,ao invés de atuar em ações extremas, a ROTA está, também, em operações comuns. Longe de defendermos o crime, não podemos nos calar ante a execução promovida pelos policiais de seis pessoas, na noite da 2ª feira, em um posto de combustíveis no bairro da Penha, Zona Leste da Capital.
A ROTA, como sempre à primeira hora e na primeira versão tentou justificar sua ação alegando que 14 suspeitos planejavam a libertação de um detento do Centro de Detenção Provisória do bairro do Belém (Zona Leste da Capital) e entraram em confronto com ela, reagindo a tiros à chegada da polícia. Quer dizer, a versão de sempre da polícia em ações dessa natureza.
Tinham que ser presos, não chacinados
Dos 14 suspeitos, apenas três foram presos. Cinco escaparam e seis foram mortos. À luz do direito e de uma ação policial eficiente, eles deveriam ter sido presos, julgados e, comprovada sua culpabilidade, condenados. Jamais chacinados.
Mas, o que a PM não contava é que uma testemunha, uma mulher, gravou tudo pelo telefone celular e entregou as provas ontem à Polícia Civil. Pior: as provas mostram que os policiais eliminaram um dos suspeitos à chegada e balearam e torturaram as demais no Parque Ecológio do Tietê, recolocando-as três horas depois no posto, na cena inicial do pseudo confronto.
É profundamente lamentável que ainda assistamos práticas como esta. Hoje, os policiais que participaram da ação prestarão depoimentos. O governo do Estado não revela quantos integrantes da ROTA foram presos. Os detidos serão levados para o Presídio Romão Gomes, da PM, na Zona Norte.
Política de segurança: acende-se a luz vermelha
A luz verde concedida à ROTA pelos sucessivos governos tucanos – de José Serra em 2007-10 e de Alckmin, três vezes governador – constitui-se já, a esta altura, em um alerta vermelho para toda a sociedade paulista. É preciso mudar, alterar profundamente a política de segurança, até porque o crescimento da violência atestado a cada balanço mensal divulgado, atesta sua completa falência.
Ao colocar a ROTA em uma ação normal nas ruas, o governo Alckmin copia um dos piores exemplos em termos de política de segurança já vistos em São Paulo. Reedita a política de repressão, pura e simples da extrema direita já vista no Estado quando do governo biônico de Paulo Maluf entre os anos de 1979 a 1982, quando nos aproximávamos do final da ditadura.
*CorreiodoBrasil
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