O Partido Comunista da Grécia prosseguirá a luta pelo derrube da barbárie capitalista
Giorgos Marinos*
«É
de enorme importância que nestas condições, quando uma série de outros
partidos na Europa não estão representados no parlamento ou se diluíram
em formações social-democratas ou esquerdas oportunistas, o PCG se
mantenha firme, mesmo que com menos força eleitoral em comparação com a
sua influência política mais ampla. A sua estratégia sobre as duas vias
de desenvolvimento, a necessidade da aliança sociopolítica e a luta pelo
poder operário e popular, a ampliação e o aprofundamento das suas
ligações com a classe operária, os sectores populares pobres, continua a
ser um elemento da sua nova actividade no povo para que se mantenha de
pé, para que não sucumba ante os novos perigos que o esperam.»
O
Partido Comunista da Grécia (PCG) envia as suas saudações de
camaradagem aos Partidos Comunistas, às e aos comunistas, e a um grande
número de lutadores de todo o mundo que expressaram o seu apoio e
solidariedade sincera ao nosso Partido, porque compreenderam as duras
lutas de classe que o partido levou a cabo durante um largo período de
tempo, antes e durante a crise capitalista.
O
nosso Partido continuará a ser digno da sua confiança e intensificará a
luta pelos interesses da classe operária e dos sectores populares, pelo
derrube da barbárie capitalista, pelo socialismo. Porque isto é uma
exigência do objectivo de abolir a exploração do homem pelo homem, esse
princípio fundamental dos partidos comunistas.
Os
acontecimentos na Grécia, e particularmente as duas últimas batalhas
eleitorais provocaram muitas discussões sobre o PCG, a «esquerda», o
papel dos «governos de esquerda», a postura dos comunistas.
Algumas
forças que ainda utilizam o nome de «Partido Comunista» apesar de
estarem no caminho da mutação social-democrata e outras forças que falam
em nome da «esquerda» abriram uma frente – clara ou disfarçadamente –
contra o PCG, caluniando a sua actividade, ocultando ou distorcendo as
suas posições, falando sem fundamento de sectarismo, utilizando a
polémica do opositor, adoptando e difundindo as posições da SYRIZA.
A
SYRIZA é um partido fanático pela União Europeia, veículo da visão
utópica do «capitalismo de rosto humano», constituído por forças
oportunistas de direita, «restos» da luta de classes, grupos marginais
da extrema-esquerda (trotskistas e ex-maoístas) e uma parte importante
de quadros do social-democrata PASOK.
As
forças que abriram uma frente contra o PCG, entre as quais está o
aparelho do «Partido da Esquerda Europeia» e outras organizações
defensoras da caricatura do «socialismo do século XXI», foram divulgadas
porque a actividade do PCG e a sua contribuição para a luta
revolucionária as refuta. No entanto, a sua postura é prejudicial para a
classe operária, os sectores populares, a juventude, porque se colocam
do lado dos opositores dos comunistas. Os comunistas lutam
constantemente contra a burguesia, o imperialismo e opõem-se de modo
militante à assimilação dos objectivos do capital pelos trabalhadores.
Apelamos
às e aos comunistas, aos trabalhadores e trabalhadoras que sigam o
desenvolvimento dos acontecimentos na Grécia e se interessem pelo curso
da luta de classes para terem uma melhor compreensão da estratégia e da
táctica do PCG, da sua história e das suas lutas. Há que avaliar as suas
posições com critérios ideológicos e políticos concretos e não na base
de rumores e calúnias infundadas. Então, dar-se-ão conta de que o ataque
contra a estratégia do PCG e da sua política de alianças, assim como os
ridículos argumentos em relação ao sectarismo e ao isolamento foram
lançados por forças burguesas, ou forças que na prática rejeitaram os
princípios marxistas-leninistas, a necessidade do socialismo, a essência
da luta de classes, que é o que conta quando se está ligado ao poder
operário e popular.
Assim,
serão capazes de discernir que estas forças continuam a linha política
da gestão burguesa que se esconde por trás da discussão por uma «solução
de esquerda», semeando ilusões sobre a «humanização do capitalismo»,
com consequências muito negativas para a luta dos trabalhadores.
O
pior, é que estas forças atacam o PCG de modo dissimulado e algumas
vezes pretendendo passar por «amigo» estão a utilizar os resultados
eleitorais para apoiar as suas perigosas afirmações.
Sobre os acontecimentos na Grécia
Na
Grécia, a profunda crise capitalista de sobre-acumulação de capitais
que entrou no seu quarto ano, combinada com a crise de outros Estados
membros da UE, provoca a intensa agressividade dos monopólios e dos seus
representantes políticos e expressa-se através do conjunto da sua
estratégia antipopular. Os «memorandos» que foram assinados entre os
governos gregos, a União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo
Monetário Internacional fazem parte desta estratégia.
A
deterioração da situação da classe operária e dos sectores populares
causada pela ofensiva do capital, o desenvolvimento da luta de classes
com a contribuição decisiva do PCG e do movimento de orientação de
classe, levaram a um grande desgaste do social-democrata PASOK, que
implementava uma dura política antipopular há muitos anos. Levou ao
desgaste do partido liberal da Nova Democracia (ND) e em geral do
bipartidarismo que perdeu a sua capacidade de enganar as forças
populares, como fazia nos anos anteriores.
É
nesta base que se promove a reforma do panorama político com o apoio da
burguesia, da União Europeia e de outros mecanismos imperialistas, para
que a crise capitalista seja gerida eficazmente a favor do capital,
para impedir a luta de classes, para atacar o PCG e o movimento de
classe.
Um
elemento básico da reforma do panorama político é a criação dos novos
polos, é o «centro-direita» baseado na ND e o «centro-esquerda» baseado
na SYRIZA, juntamente com quadros do PASOK que têm responsabilidades
criminais pelo seu papel na aplicação da política antipopular durante os
anos anteriores.
A
Grécia e as eleições parlamentares foram utilizadas como uma arena de
rivalidades inter-imperialistas entre os EUA, a UE, a França e a
Alemanha. Isto também teve expressão na postura das forças políticas
gregas, sobretudo da ND, do PASOK e da SYRIZA, que «coqueteia» a França e
os EUA.
A
profunda e multifacetada assimilação da Grécia pela União Europeia, a
profunda e prolongada crise combinada com a recessão na zona euro
tornaram a intervenção da UE, do FMI e dos EUA necessária para deter
todas as tendências de radicalização do movimento na Grécia e o seu
impacte internacional.
As
sistemáticas declarações de funcionários das organizações
imperialistas, bem como publicações na imprensa estrangeiras, incluindo o
apelo do Financial Times alemão ao voto na ND, aumentaram a polarização e a chantagem para que o povo se encaminhe para os polos da gestão burguesa.
Avaliação dos resultados das eleições
O
PCG fez um grande esforço, conseguindo 8,5%, 536.000 votos e 26
deputados nas eleições de 6 de Maio, mas não condescendeu. E para as
eleições de 17 de Junho falou claramente sobre o plano para debilitar o
PCG, previu e lutou, tanto quanto foi possível, contra o ataque
organizado contra o PCG e manteve-se de pé com 4% de perdas da sua força
eleitoral, com uma redução de votos e deputados, conseguindo no final
4,5%, 12 deputados e 277.000 votos.
O
que é que aconteceu entre as duas batalhas eleitorais? Que dilemas
colocou o sistema burguês para enganar as forças populares? O Comité
Central do PCG fez uma primeira avaliação do resultado e está agora a
discuti-la nas organizações de base do partido e em reuniões com os
amigos do partido, a fim de acumular a experiência colectiva e
utilizá-la na avaliação final. Para compreender o clima político que
prevalecia, sobretudo na segunda batalha eleitoral, é importante saber
que segundo a lei eleitoral o primeiro partido recebe um bónus
de 50 deputados (num total de 300 lugares no parlamento grego), para
«facilitar» o esforço de formar governo. Nas primeiras eleições (em que o
PCG obteve 8,5%) a diferença entre o primeiro partido (ND) e o segundo
(SYRIZA) foi de 2,1%, e a luta pela primeira posição criou condições de
intensa polarização.
O
CC do PCG avaliou que «as significativas perdas do PCG não reflectem o
impacte das suas posições e da sua actividade face aos desenvolvimentos
negativos que se preveem. Tudo aconteceu debaixo de uma pressão, de uma
torrente de ilusões e da lógica do mal menor, do caminho sem dor e fácil
através do qual, supostamente, é possível formar um governo para gerir a
crise no campo dos monopólios e da assimilação na UE, que se
encarregará de deter a deterioração da situação do povo.
Além disso criou-se um fortíssimo clima de medo e intimidação sobre a
expulsão da Grécia da zona euro. As eleições decorreram em condições de
uma sistemática e enganadora ofensiva desenvolvida pelos mecanismos
ideológico-políticos do sistema, inclusive mediante o uso sistemático da
internet. O objectivo principal foi debilitar o Partido para impedir o
fortalecimento do movimento operário, num momento em que as condições de
vida do povo se estão a deteriorar.
A
conclusão é que o resultado eleitoral, no seu conjunto, reflecte a
tendência de contenção do radicalismo de classe que se tinha
desenvolvido durante o período de crise, sob a pressão da corrente do
radicalismo pequeno-burguês emergente, dirigida pela ideologia e a
propaganda burguesa. É óbvio que as lutas que se desenvolveram
não conseguiram aprofundar e consolidar o radicalismo, já que não
tinham o carácter de massas e não conseguiram a organização e a
orientação política que a as actuais condições requerem. Em última
instância, qualquer tendência positiva que se desenvolveu foi
influenciada por um moderado sentimento anti-memorando, pela diminuição
das expectativas em condições de expansão da pobreza e desemprego
massivo.
O papel do SYRIZA
As
forças que apoiam – aberta ou encobertamente – a SYRIZA e caluniam o
PCG têm a obrigação de explicar aos quadros e membros dos seus partidos,
à classe operária e aos sectores populares os seguintes assuntos:
Por que escondem
que uma parte da burguesia, grupos financeiros poderosos que controlam
os jornais, a rádio e os canais de televisão, bem como os meios de
comunicação estatais apoiaram decisivamente a SYRIZA, e inclusive o
presidente da Federação Helénica de Empresas propôs um governo de
concórdia nacional com a participação da SYRIZA?
Por que escondem
que no decurso do processo eleitoral, e sobretudo depois das eleições
de 6 de Maio, a SYRIZA abandonou as consignas sobre o cancelamento do
memorando e do contrato de empréstimo, a estatização de empresas, etc. e
adaptou perfeitamente o seu programa às necessidades da gestão
burguesa?
Por que escondem
que grande parte dos quadros mais corruptos do PASOK nas autoridades
locais, nos sindicatos e no aparelho do Estado desempenharam um papel
principal na manipulação de forças populares, de votantes do PASOK,
exercendo pressões diversas a favor da SYRIZA?
Por que escondem
que está em marcha um plano de reagrupamento da social-democracia com a
SYRIZA no seu núcleo? E que a social-democracia foi muito útil à
burguesia para a erosão da consciência radical do povo em favor da «via
de sentido único da UE», para atacar e controlar o movimento operário?
Por que escondem
que este partido recorre continuamente ao anticomunismo, ao mesmo tempo
que faz apelos à «unidade de esquerda? Num dos principais eventos
eleitorais da SYRIZA presidido o seu presidente, um «filósofo» esloveno
Slavoj Zizek, disse numa vulgar demonstração de anticomunismo «Sim já
compreendi bem o que é o PCG, o partido dos que vivem porque se esquecem
de morrer», e recebeu um entusiasta aplauso do auditório.
Por que escondem
que a SYRIZA utilizou todo o tipo de tácticas sujas contra o PCG a fim
de usurpar o voto do povo e assim conseguir o primeiro lugar nas
eleições ou inclusivamente a capacidade de formar governo de um só
partido?
Trata-se
de manobras sujas, incluindo entre outras coisas a entrega a
jornalistas burgueses de documentação falsa e mentirosa com pontos de
vista do Comité Central e da Comissão Política do PCG em relação à
SYRIZA e à participação num governo de gestão burguesa. A experiência
das condições em que o PCG lutou nestas eleições é valiosa para todos os
Partidos Comunistas, e por isso os informámos sobre todas as
provocações que se verificaram, incluindo a provocação no Twitter, onde
criaram uma conta falsa em nome do PCG, que foi utilizada para apelar ao
voto na SYRIZA.
Por que escondem
que poucos dias antes das eleições o presidente da SYRIZA teve uma
reunião com o pessoal diplomático do G20 em Atenas para «estabelecer um
clima de confiança»? Com quem? Com o clube de capitalistas e
imperialistas mais forte do mundo?
Mais.
O pessoal da SYRIZA apresentou ao povo grego a política de Obama nos
EUA como um exemplo da política realista de gestão da crise a favor do
povo. Ademais, afirmou falsamente que a eleição do social-democrata
Hollande seria um factor que traria um «novo vento», alterações a favor
dos povos da Europa. Ao mesmo tempo, o governo social-democrata em
França apelava à submissão do povo grego aos compromissos da União
Europeia e – apesar das rivalidades inter-imperialistas – participa com o
governo alemão na preparação das novas medidas antipopulares que se
estão a preparar na UE para a integração económica e política.
Não
se podem anular estes factos. O PCG não precisa de recorrer a teorias
de conspiração. A verdade não pode ser escondida. Isto é de uma enorme
importância para que todos os trabalhadores interessados na situação da
Grécia e no papel das forças políticas possam formar a sua opinião.
Durante
muito tempo fomentaram-se mitos sobre o papel da SYRIZA no movimento
operário e popular. Apresentou-se de maneira enganadora como uma
poderosa força política da oposição, quando não tinha qualquer
contribuição, nem sequer a mais ínfima, no desenvolvimento da luta nas
fábricas, nas empresas, na organização das lutas, das greves e outras
mobilizações de massas.
Na
realidade, este partido ia a reboque da Confederação Geral de
Trabalhadores da Grécia (GSEE) e da Confederação dos Funcionários
Públicos (ADEDY) que funcionam como instrumentos do capital, veículos do
sindicalismo colaboracionista com o patronato e o governo, defensores
da «colaboração de classes».
A
posição da SYRIZA no movimento das «praças» foi efémera, com um
carácter de massas limitado e foi um caldo de cultura de posições
reacionárias, oportunista e integrada no plano dos que procuraram tomar
as rédeas da gestão burguesa. A SYRIZA tem grandes responsabilidades
porque partilhou nas «praças dos indignados» em conjunto com o monstro
fascista Aurora Dourada (que esteve ladeado de outras forças
nacionalistas) como força anti-memorando, promovendo consignas vulgares e
reacionárias a fim de manipular a indignação dos trabalhadores.
A luta do PCG
A
ofensiva contra o PCG depois das eleições não foi levada a cabo somente
por vários grupos trotskistas conhecidos, mas também por forças do
Partido da Esquerda Europeia como o «Bloco de Esquerda» português e a
«Refundação Comunista» italiana. Os presidentes destes partidos não
puderam resistir a mostrar a antipatia do oportunismo europeu para com o
PCG.
Igualmente
provocadoras são as forças que culpam o PCG por a ND ter conseguido
formar um governo. Mas estas forças escondem que o único partido que
realmente se opôs à ND e ao PASOK foi o PCG porque, ao contrário do
SYRIZA, não está comprometido coma UE, a NATO, o grande capital e o seu
poder. Não fomenta ilusões parlamentares e diz ao povo a verdade sobre
as forças da gestão burguesa. O nosso partido leva anos a lutar contra
os dilemas da intimidação da «direita-contradireita»,
«centrodireita-centroesquerda» e combate a lógica do mal menor, que é um
beco sem saída e que fez com que os partidos comunistas da Europa
fossem a reboque da social-democracia.
O
esforço de caluniar o PCG cairá em orelhas moucas e os seus iniciadores
estarão totalmente expostos porque a propaganda do sectarismo e do
isolamento, utilizada pelas forças que atacam o nosso partido é refutada
pelo papel protagonista do PCG, da Juventude Comunista da Grécia
(JCG/KNE) e da Frente Militante de Todos os Trabalhadores (FMTT/PAME),
dos sindicatos de classe, dos agrupamentos militantes dos demais
sectores populares e da juventude, nas dezenas de greves gerais
sectoriais, em empresas, em centenas de mobilizações em que se reuniram
milhares de trabalhadores com objectivos de luta que expressam, os
interesses dos trabalhadores que entram em conflito com o poder do
capital, com a barbárie capitalista.
Estes importantes sucessos não podem ser anulados por um resultado eleitoral que foi negativo para o povo.
Trata-se de uma experiência valiosa e de um legado para a escalada da luta de classes até ao final.
O
PCG opôs-se e opõe-se à união e insiste na aliança social entre a
classe operária, os sectores populares da cidade e do campo, com a
participação das mulheres e dos jovens. Rejeita a colaboração para a
formação de um «governo de esquerda» para gerir o capitalismo e insiste
na formação de uma aliança sociopolítica que lute pelos problemas do
povo, que entrará em confronto com os monopólios e com o imperialismo e
dirigirá a sua luta para a derrocada da barbárie capitalista, a
conquista do poder operário e popular.
É
perigosa a estratégia que promete um futuro melhor para os
trabalhadores e os desempregados através de um chamado governo de
esquerda ou progressista enquanto o poder do capital e a propriedade
capitalista dos meios de produção se mantiverem intactas. Esta
estratégia foi provada e demonstrou que está falida. Levou vários
partidos comunistas a serem assimilados e inclusive à dissolução.
Essa
estratégia oculta o problema fundamental. Esconde que o problema do
desemprego que está em crescendo de forma descontrolada, não se pode
resolver enquanto o poder e a riqueza produzida pela classe operária
permanecerem nas mãos dos capitalistas, enquanto predomina a anarquia
capitalista e existir o afã do lucro.
As
necessidades contemporâneas do povo não se podem satisfazer porque o
capitalismo está na sua última fase, a fase imperialista e é totalmente
reacionário. As dificuldades na reprodução do capital, o antagonismo
entre os monopólios para predominarem fortalecem o ataque que se dirige à
redução do preço da força de trabalho e ao aumento do grau de
exploração. Inclusive as pequenas conquistas requerem conflitos duros
com as forças do capital como demonstra a heroica greve de sete meses
dos trabalhadores na Siderurgia de Asprópirgos, que contou com o apoio
do PCG e Frente Militante de Todos os Trabalhadores (FMTT/PAME)
juntamente com milhares de trabalhadores, da Grécia e do estrangeiro,
que expressaram a sua solidariedade de classe.
A
luta quotidiana pelo direito ao trabalho, a protecção dos
desempregados, os salários e as pensões, a assistência sanitária, o
bem-estar e a educação gratuitos. A luta quotidiana contra as guerras
imperialistas, pela retirada das uniões imperialistas, pela soberania
popular, pelos direitos democráticos estão intimamente ligadas com a
luta pelo derrube do capitalismo.
A
posição de princípios do PCG sublinha que um partido revolucionário não
pode ter duas caras, não pode negar a sua estratégia, a luta pelo poder
operário e popular, pelo socialismo, com o fim de arrebatar votos nas
eleições parlamentares, apoiando assim formações de gestão que facilitam
o sistema.
O
PCG disse a verdade. Apelou ao apoio do PCG para que seja forte, de
forma a poder contribuir decisivamente à obstaculização das medidas
anti-laborais, ao reagrupamento e fortalecimento do movimento operário e
popular, ao desenvolvimento de lutas militantes, à preparação do
caminho para as mudanças radicais.
O
PCG nadou contra a corrente, tal como fez noutras ocasiões sobre
assuntos cruciais entre os quais está a revelação do carácter da
contra-revolução e do derrube do socialismo, a revelação do carácter
imperialista da UE e a luta contra esta, a oposição ao Tratado de
Maastricht, a condenação das intervenções imperialistas e dos pretextos
que as justificam, etc..
Neste
sentido o PCG travou as batalhas eleitorais contra a corrente do medo e
o fatalismo, contra as diversas ameaças de ingovernabilidade e de
expulsão da zona euro, contra as ilusões promovidas de forma sistemática
pela SYRIZA. Explicou ao povo o carácter da crise capitalista e das
condições prévias ligadas à retirada da UE e da NATO, o cancelamento
unilateral da dívida, a socialização dos meios concentrados de produção,
isto é, o governo do poder operário e popular. Opôs-se o governo
operário e popular ao governo da gestão burguesa. Travou esta batalha
tendo em conta o risco do custo eleitoral.
Mais,
o mais ínfimo retrocesso por parte do partido perante a pressão para
participar num governo de gestão da crise teria levado ao seu desarme e
ao retrocesso, à derrota do movimento operário, ao cancelamento do
esforço para formação da aliança sociopolítica que entrará em confronto
com a linha política dos monopólios, as uniões imperialistas, a UE e a
NATO. Teria deitado a baixo todo o esforço de reunião de forças na luta
pelos problemas quotidianos, que se estão a agudizar cada vez mais, pela
perspectiva do poder operário e popular. Na prática, o PCG teria
perdido a coerência das suas palavras e obras, dado que pediam ao
partido para fazer concessões prejudiciais e enganadoras do carácter
decisivo, tanto sobre o seu programa como das tarefas e das lutas
imediatas.
É de
enorme importância que nestas condições, quando uma série de outros
partidos na Europa não estão representados no parlamento ou se diluíram
em formações social-democratas ou esquerdas oportunistas, o PCG se
mantenha firme, mesmo que com menos força eleitoral em comparação com a
sua influência política mais ampla. A sua estratégia sobre as duas vias
de desenvolvimento, a necessidade da aliança sociopolítica e a luta pelo
poder operário e popular, a ampliação e o aprofundamento das suas
ligações com a classe operária, os sectores populares pobres, continua a
ser um elemento da sua nova actividade no povo para que se mantenha de
pé, para que não sucumba ante os novos perigos que o esperam.
A
estratégia do PCG foi diariamente confirmada pelos acontecimentos.
Trata-se de uma estratégia baseada nos princípios comunistas, na base
das leis da luta de classes e determina o objectivo, o caminho e as
condições prévias a fim de resolver a contradição fundamental entre o
capital e o trabalho, a fim de resolver o problema central do poder e
abolir as relações de produção exploradoras numas circunstâncias em que o
capitalismo sofre as suas contradições inconciliáveis, se torna cada
vez mais reacionário e perigoso e não há nenhuma forma de gestão do
sistema que possa resultar numa solução favorável ao povo. Com esta
estratégia, com esta linha de luta o PCG contribui incansavelmente para o
esforço de reagrupar o movimento comunista na base revolucionária;
estimula e apoia a luta dos comunistas, a luta anti-imperialista em todo
o mundo, reforça a solidariedade internacionalista, assumindo ao mesmo
tempo a sua responsabilidade no desenvolvimento da luta de classes a
nível nacional.
O
nosso partido é muito exigente na avaliação autocrítica do seu
percurso. Destaca que não basta ter uma estratégia correcta e um
espírito militante. Há que estudar bem as suas debilidades para ser mais
eficaz em questões de direcção política, melhorar a educação ideológica
e política para acelerar a construção de organizações do partido nas
fábricas, nos centros de trabalho nos bairros populares. Para fortalecer
o movimento de orientação de classe, para que os sindicatos e outras
organizações sejam massivos, para que novas forças participem na luta.
O
PCG continua a sua luta com um maior sentido de responsabilidade e
determinação pelos problemas do povo. Centra a sua atenção na luta
contra a política fiscal antipopular, pelos contratos colectivos de
trabalho, os salários e as pensões, a protecção dos desempregados, a
saúde, o bem-estar, a educação. Ao mesmo tempo prepara as suas forças
contra o perigo de uma guerra imperialista contra a Síria e o Irão.
Luta
contra a política antipopular do governo da ND, do PASOK e da DIMAR
(Esquerda Democrática), que surgiu de uma cisão da SYRIZA e faz parte do
plano de manipulação da «esquerda» do povo. Leva a cabo uma luta mais
organizada contra as ilusões de esquerda que a SYRIZA promove; reforça a
sua luta contra o fascista «Aurora Dourada».
Já
há tempos tínhamos informado muitos partidos comunistas que o ataque
contra o PCG se intensificará. Muitos camaradas sabem que a burguesia,
os mecanismos estatais e para-estatais utilizaram meios repressivos e
provocações contra o PCG e PAME (FMTT) e agora há que estar muito bem
preparados para fazer frente à escalada do ataque contra o partido.
Continuamos a nossa luta. Esforçamo-nos por ser mais eficazes na organização e no desenvolvimento da luta de classes.
A
redução da força eleitoral do PCG não invalida as vantagens de
importância decisiva que o nosso partido conseguiu com grande esforço.
Não invalida a força que tem nos sindicatos, nas organizações de massas,
no movimento operário e popular, na juventude, o seu prestígio na
classe operária, a confiança que o povo expressa nas lutas diárias,
independentemente de isto ter sido expresso nas eleições.
«Amigos nas boas ocasiões»
Por isso, as forças que aberta ou secretamente interpretam o resultado eleitoral de forma arbitrária
para minar a estratégia e a táctica do PCG, bem como o seu papel no
movimento comunista internacional, serão julgados pelos comunistas
revolucionários, pela classe operária.
Há
forças suficientes para a gestão do sistema. O que necessitam os povos
são partidos comunistas verdadeiros que não vão gerir a barbárie
capitalista em nome da «esquerda governamental» e do realismo de aceitar
uma correlação de forças negativa. Porque daquele modo só se prepararia
o caminho para as forças do capital, perder-se-ia um tempo precioso
pelo qual a classe operária e os sectores populares pagariam um preço
elevado.
* Membro da Comissão Política do Comité Central do Partido Comunista da Grécia (PCG)
Este texto publicado em http://es.kke.gr/news/news2012/2012-06-29artho-marinoy
Tradução de José Paulo Gascão a partir da versão em castelhano.
*Turquinho
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