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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, agosto 24, 2012

RBS boicota PT em transmissão do programa eleitoral


A primeira imagem que me apareceu ao saber que a RBS é a responsável pela geração dos programas eleitorais é a velha "raposa tomando conta do galinheiro".  
A gravidade do caso não se restringe à não veiculação da propaganda entregue a tempo. A questão é por que essa rede, que representa interesses avessos a igualdade social, é a responsável pela geração dos programas! Foi feita licitação? 

Leia abaixo matéria do Sul21 .


Julia Lang *
Atualizado às 17h23

A propaganda eleitoral gratuita mal começou e os problemas judiciais já tiveram início em Porto Alegre. Na noite de quarta-feira (22), o juiz Eduardo Dias Bainy, da 112ª Zona Eleitoral da Capital, decretou que fossem refeitas as propagandas de vereadores das coligações de Adão Villaverde e Manuela D’Ávila, alegando que os programas que foram ao ar no dia anterior descumpriam a lei. Segundo alegação da coligação de Fortunati, que entrou com a ação no TRE, os candidatos a vereador não podiam pedir voto para a majoritária.

Ficou estipulado que os programas de TV e rádio que iriam ao ar hoje deveriam ser entregues – depois de devidamente alterados – até 22h de ontem. A surpresa da bancada petista veio na manhã de quinta-feira (23), quando o programa de rádio não foi veiculado.

“Nós entregamos a nossa propaganda, tudo absolutamente correto, dentro das normas eleitorais, uma hora e meia antes do tempo limite. Apesar de tudo isso, ela não foi veiculada. Isso nos causou uma perplexidade muito forte e, a partir daí, vários articulistas, sem o cuidado de conversar conosco e se informar, começaram a orquestrar ataques e críticas a nossa campanha” alega o coordenador de campanha do Villaverde, Gerson Almeida.

Segundo Gerson, a decisão de não veicular foi do jurídico da RBS, empresa que é responsável legal pela geração do horário eleitoral gratuito no município. “Havia uma opinião jurídica da empresa nesse sentido, em um flagrante processo de censura prévia e de substituição das responsabilidades constitucionais e legais próprias do Tribunal Regional Eleitoral. Não é o jurídico de nenhuma empresa que define o que coloca ou não”, ataca Gerson.

Pelo twitter, o candidato Villaverde deixou clara sua insatisfação, com uma mensagem que diz: “Coordenação tomará medidas legais cabíveis. Entendemos que veículos de comunicação não podem intervir no processo eleitoral nem substituir o TRE”.

Procurada pelo Sul21 para se posicionar quanto à retirada do material (que não se repetiu na propaganda eleitoral das 12h) a assessoria da RBS respondeu por meio de uma curta nota à imprensa, enviada às 16h20min. “Devido a um erro técnico ocorrido durante a montagem do bloco de propaganda eleitoral na Rádio Gaúcha, a emissora não veiculou o programa da Coligação PT/PPL/PTC e da Coligação PR/PV/PRTB, às 7h de hoje (23 de agosto). A Rádio Gaúcha comunicou a Justiça Eleitoral”, diz a íntegra da nota.

Questionada pela reportagem, a 112ª Zona Eleitoral, responsável por julgar os processos de 1º grau das eleições municipais, informou que o PT entrou com uma representação contra a RBS. Não havia decisão sobre o pedido até o fechamento dessa matéria.

* colaborou Júlia Schwarz


Após omissão de programas, RBS terá que veicular espaço eleitoral extra em POA


Igor Natusch

A 112ª Zona Eleitoral do Rio Grande do Sul, que controla as questões eleitorais referentes a Porto Alegre, decidiu no começo da noite de quinta-feira (23) conceder tempo extra para as coligações proporcionais que tiveram seus programas políticos omitidos no horário eleitoral gratuito de rádio da capital gaúcha. Com a decisão, o programa eleitoral de rádio será mais longo no próximo sábado (25) pela manhã, incluindo o material omitido pela RBS, empresa que é responsável legal pela geração do horário eleitoral gratuito no município. As outras emissoras de rádio da capital gaúcha, que fazem a transmissão eleitoral a partir da geração da RBS, também terão que transmitir o tempo extra, arcando com os custos do atraso em suas programações normais.

Leia mais:
- Propaganda eleitoral vai ao ar incompleta e gera revolta do PT em Porto Alegre

A decisão, assinada pelo juiz eleitoral Eduardo Augusto Dias Bainy, aceitou parcialmente a representação promovida pela Frente Popular – Governo de Verdade, que apoia o candidato Adão Villaverde (PT) na eleição majoritária. No pedido, a coligação alegava que havia ocorrido “censura prévia” ao material da aliança por parte da RBS, pedindo exibição do material omitido ainda na sexta-feira (24), dia destinado às inserções da campanha majoritária. A RBS também tinha apresentado esclarecimentos, rechaçando a alegação de censura e dizendo que a não inclusão do material havia ocorrido por erro técnico.

O juiz reconheceu a necessidade de exibir os trechos ausentes, mas recusou a data solicitada pela representação da Frente Popular, já que tinham sido as duas coligações proporcionais (PT-PTC-PPL e PR-PV-PRTB) as prejudicadas, e não a aliança que promove o candidato Villaverde. Assim, determinou a inserção do material omitido no programa de rádio de sábado (25) em Porto Alegre, destinado igualmente aos candidatos da proporcional.

A ação da Frente Popular solicitava também direito de resposta com relação a declarações de apresentadores ligados à RBS, que teriam feito alegações falsas sobre a não veiculação do material. O mérito não foi apreciado pelo juiz em sua decisão.

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