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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 14, 2012

Israel recruta reservistas e eleva tensão na região

Atualizado em  14 de novembro, 2012 - 16:59 (Brasília) 18:59 GMT
Gaza após ataque israelense (Foto: AP)
Nas primeiras horas da operação militar israelense mais de 30 alvos na Faixa de Gaza foram atingidos
O Exército israelense iniciou o recrutamento de reservistas em preparação para uma possível operação terrestre na Faixa de Gaza, poucas horas depois de matar o principal comandante militar do Hamas.
De acordo com a mídia israelense, o Exército começou a emitir a chamada "ordem 8", que equivale à convocação imediata de soldados da reserva, ato que está sendo interpretado como sinal de que poderá haver uma invasão terrestre à Faixa de Gaza.
Na tarde desta quarta feira, o veículo onde estava Ahmed Jabari, considerado chefe do Estado Maior do Hamas, foi atingido por bombas disparadas por uma aeronave israelense.
Logo depois, a Força Aérea israelense iniciou uma série de bombardeios à Faixa de Gaza, que já deixou pelo menos seis mortos e dezenas de feridos na região. Nas primeiras horas da operação militar, mais de 30 alvos na região foram atingidos.
De acordo com analistas militares, os alvos principais são depósitos de mísseis de longo alcance que podem atingir inclusive a cidade de Tel Aviv.
O porta-voz do Exército israelense, Ioav Mordechai, afirmou que as tropas "estão prontas" para se deslocar em direção à Faixa de Gaza.
"O primeiro objetivo da operação é restaurar a tranquilidade para o sul de Israel e o segundo é atingir as organizações terroristas", disse o porta-voz.

'Portas do inferno'

A operação militar ocorre depois de uma semana de violência durante a qual seis palestinos foram mortos pelas tropas israelenses e grupos palestinos lançaram mais de 100 foguetes contra o sul de Israel.
O Hamas declarou que "ao assassinar Jabari, Israel abriu as portas do inferno".
Um dos líderes do Hamas, Izat Al Rishk, afirmou que o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, "decidiu cometer crimes de guerra para elevar suas chances nas eleições".
Para o analista do jornal Haaretz, Barak Ravid, "Ahmed Jabari é o Bin Laden de Netanyahu", em referência à morte do líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, que foi utilizada como trunfo eleitoral na campanha do presidente americano Barack Obama.
De acordo com o analista, o assassinato de Jabari dois meses antes das eleições em Israel (previstas para 22 de janeiro) "pode se revelar como uma aposta errada" de Netanyahu.
Ravid adverte que as consequências da operação militar podem fugir do controle do governo israelense.
O principal negociador palestino, Saeb Erekat, declarou que a operação militar israelense demonstra que "Israel tem uma agenda de guerra e não de paz".
"Condenamos nos mais duros termos esse novo assassinato israelense que tem o objetivo de iniciar uma escalada sangrenta. Consideramos Israel responsável pelas consequências desse novo ato de agressão", declarou Erekat.
O Comando da Retaguarda instruiu os residentes do sul de Israel a permanecerem a uma distância de 15 segundos dos abrigos anti-aéreos e cancelou as aulas em todas as escolas da região nesta quinta feira.
De acordo com as instruções do Exército, ficam proibidas aglomerações de mais de 100 pessoas nas áreas de risco.


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