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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 12, 2013

Esta é a manchete correta: Policiais vandalizam contra protesto pacífico em São Paulo
Policiais vandalizam contra protesto pacífico em São Paulo
Brasil de Fato
Pela redução das tarifas do transporte público, cerca de 12 mil pessoas fecharam as ruas da capital paulista; policiais usaram da violência excessiva para dispersar manifestantes

Eduardo Sales e José Francisco Neto
da Reportagem
Foto da capa: Mídia Ninja
Trabalhadores, estudantes, pessoas de diversas idades, partidárias ou não, saíram às ruas de São Paulo pelo terceiro dia para protestar contra o aumento das tarifas do transporte público. Nesta terça-feira (11), a capital paulista parou em meio ao ato que reuniu cerca de 12 mil manifestantes. 
Mas o destaque ficou mesmo com a ação violenta da polícia militar do Estado de São Paulo. A Tropa de Choque da PM disparou tiros de balas de borracha, bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo nas pessoas quando o protesto, que ocorria de modo pacífico, já havia terminado.
O primeiro ato de violência policial ocorreu no terminal Parque D. Pedro, por volta das 19h30. Cinco viaturas da PM impediram que os manifestantes ocupassem a avenida Rangel Pestana por meio de bombas e balas de borracha. Várias pessoas ficaram feridas. A reportagem do Brasil de Fato presenciou ainda o cerco de três policiais a um deficiente físico, agredido com golpes de cassetetes, próximo a região da rua 15 de Novembro.
Policiais atiraram bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo nos manifestantes. Tiros de balas de borracha também feiram dezenas de pessoas. Foto: Paulo Ianone
Com manifestações descentralizadas, grupos menores que tentavam seguir até a avenida Brigadeiro Luiz Antônio foram alvejados violentamente com uma sequência de tiros de armas com balas de borracha novamente. Exatamente no centro da cidade, bancas de jornal foram utilizadas para se proteger da selvageria dos policiais militares. 
Mesmo após a violência policial, diversos grupos conseguiram se reunir no início da Brigadeiro em direção à Paulista. A passeata seguiu pacificamente, até o Masp, quando a polícia, novamente de modo agressivo, lançou uma sequência de dez bombas de efeito moral, gás de pimenta, atingindo até mesmo outros trabalhadores que retornavam para suas casas.
Manifestante entrega flores a PMs da Tropa de Choque paulista. Logo em seguida, é atingido por tiros de balas de borracha disparados pelos mesmos policiais. Foto: Rodrigo Soares
Alguns manifestantes (na foto acima) chegaram a entregar flores para alguns policiais da Tropa de Choque. Logo em seguida, segundo o jornal Folha de S.Paulo, o que aparece em destaque na foto foi atingido por tiros de balas de borracha disparados pelos mesmos policias.
Sobrou até para um repórter do jornal Folha de S.Paulo. Leandro Machado foi detido durante o protesto na avenida Paulista. Mesmo apresentando o crachá da empresa em que trabalha, Machado foi levado para o 78º DP (Jardins) num carro da PM. No caminho, foi informado pelos policiais de que estava sendo detido por "atrapalhar a ação da polícia". Fora o repórter, mais 20 pessoas foram presas. 
Por sinal, outros dois repórteres sofreram consequências da ação policial. Apesar de estar identificado por um crachá, o jornalista Fernando Mellis levou um golpe de cassetete nas costas. Já o repórter do Brasil de Fato, José Francisco Neto foi atingido por uma bala de borracha no braço.
A campanha contra aumento da tarifa dos transportes púbicos em São Paulo começou na quinta-feira passada (6), com um protesto que fechou a 23 de Maio, a Paulista e a 9 de Julho. Nos dois dias também houve violência por parte da polícia militar
Outro ato pela redução das tarifas do transporte público, que é organizado pelo Movimento Passe Livre, está marcado para a próxima quinta-feira (13) no Anhangabaú.
*Mariadapenhaneles

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