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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 12, 2013

O CASO DA LÂMPADA QUE NÃO PODE VIR À LUZ

Benito Muros e sua lâmpada infinita.
Espanhol é ameaçado de morte por criar lâmpada que não queima
Obsolescência programada. A bateria de um celular morre em dois anos, um computador em quatro, a geladeira está tendo problemas em oito anos e de repente, em um belo dia, a televisão lhe diz adeus.

“Não há nada para se fazer além de comprar outra.” É possível fazer produtos que durem mais do que isso? Quem sabe a vida toda? Benito Muros,  da SOP (Sem Obsolescência Programada), diz que é possível. Por isso está ameaçado de morte.

O conceito de obsolescência programada surgiu entre 1920 e 1930 com a intenção de criar um novo modelo de mercado, que visava a fabricação de produtos com curta durabilidade de maneira premeditada obrigando os consumidores a adquirir novos produtos de forma acelerada e sem uma necessidade real.

As lâmpadas e a luta de Benito Muros respondem a um novo conceito empresarial, baseado em desenvolver produtos que não caduquem, como aquelas geladeiras Frigidaire ou máquinas de lavar Westinghouse que duravam a vida toda.

Uma filosofia empresarial mais conforme com nossos tempos, graças à comercialização de produtos que não estejam programados para ter uma vida curta, senão que respeitem o meio ambiente e que não gerem resíduos que, por vezes, acabam desembocando em containers de lixo no terceiro mundo.

A seguir, trechos da entrevista onde ele fala sobre seu projeto:

Trata-se de um movimento que denuncia a obsolescência programada. Lutamos para que as coisas durem o que tenham de durar, porém os fabricantes de produtos eletrônicos os programam para que durem um tempo determinado e obrigam os usuários a comprar outros novos. A lei permite!

O consumo de nossa sociedade está baseado em produtos com data de validade. Mudar isso suporia mudar nosso modelo de produção e optar por um sistema mais sustentável. Os fabricantes devem ser conscientes de que as crises de endividamento como a que vivemos são inevitáveis e que podemos deter o crime ecológico.

Repórter: A lavadora de minha mãe durou 35 anos.
E agora aos seis já da problemas. Também, antes havia umas meias de náilon irrompíveis. Deixaram de fabricar, por isso, porque duravam demais.
Mas hoje, por exemplo, temos uma lâmpada que está acesa há 111 anos em um parque de bombeiros de Livermore (Califórnia). Foi então que surgiu a ideia de criar, junto com outros engenheiros, uma linha de iluminação que dure toda a vida.

Repórter: Não queima nunca?
Nunca! Dura mais de 100 anos, porém, como não veremos, oferecemos uma garantia de 25 anos.

Repórter: Não se vê isto nos grandes armazéns.
Não, porque as distribuidoras nos dizem que vivem das que se queimam. Inclusive recebemos ofertas de milhares de dólares para tirá-la do mercado.

Repórter: E quanto custa sua lâmpada?
Pode ser comprada online por uns €37,00. Aos fabricantes não lhes interessa.

Repórter: Um gênio ou um louco?
Nem um nem outro. Somente buscamos uma sociedade mais justa. Ainda que isto signifique estar ameaçado de morte. A lâmpada criada pela OEP Electrics responde à necessidade atual de um compromisso com o meio ambiente. Ao durar tanto tempo, não gera resíduos ao mesmo tempo em que permite uma poupança energética de até 92% e emite até 70% a menos de CO2.

Mas, ao que parece, a indústria de produtos elétricos não está muito contente com a descoberta. Benito Muros diz que está sendo ameaçado devido a seu invento e inclusive afirma ter recebido ofertas milionárias para retirar seu produto do mercado.

“Senhor Muros, você não pode colocar seus sistemas de iluminação no mercado. Você e sua família serão aniquilados”, reza a denúncia que Muros apresentou à Polícia, que apesar do medo não se acovardou.

Para realizar sua pesquisa, Muros viajou até o parque de bombeiros de Livermore (Califórnia), lugar no qual há uma lâmpada que permanece acesa de forma ininterrupta há mais de 111 anos. Ali conversou com descendentes e conhecidos dos criadores da lâmpada, já que não existia documentação a respeito.

Com esta informação conseguiu as bases para começar sua pesquisa, cujo achado supõe um novo conceito de modelo empresarial baseado na não Obsolescência Programada.

Uma pequena lista das vantagens prometidas por Benito Muros e OEP Electrics:

– Gasta 92% menos eletricidade que uma lâmpada incandescente, 85% em relação às halogênicas e 70% em relação às fluorescentes.
– Garante 25 anos funcionando 24 horas por dia, 365 dias por ano.
– Não se queima no caso de acender e pagar várias vezes. A empresa OEP Electrics garante 10 mil comutações (acender e apagar) diárias.
– Ela acende na hora. Não precisa esperar ela esquentar.
– Não emite ultravioleta e nem ultravermelho (evitando problemas de pele e nos olhos).
– Não faz zumbido.
– Consegue iluminar em temperaturas de até 45º abaixo de zero.
– Não contém tungstênio e nem mercúrio. Não possui metais pesados que demoram para desintegrar. São recicláveis e seguem todas as normas ambientais.
– Emite 70% a menos de CO2.
– Por ter mais tempo de vida, produz menos resíduos para a natureza.
– Praticamente não esquenta utilizando somente aquela energia que será necessária para iluminar, ao contrário das lâmpadas convencionais que gastam 95% da energia para produzir calor e 5% para iluminar.
– Por não esquentar e não produzir radiação evita deteriorar os materiais que estão perto.
– Evitam risco de incêndio.
– Não prejudicam o frio dentro de câmaras frigoríficas. (Fonte: aqui).

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