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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, dezembro 26, 2013

Quando a Intolerância Vira Regra

René Amaral
Seguranças abordam rapazes no shopping Internacional de Guarulhos no sábado (14), dia para o qual marcou-se um "rolezinho"
Seguranças abordam rapazes no shopping Internacional de Guarulhos no sábado (14), dia para o qual marcou-se um "rolezinho"
Eventos em shoppings com a presença de jovens de classes emergentes causam pânico e recrudescimento de atitudes intolerantes e racistas em SP.
Os "rolezinhos" tem feito os frequentadores de shoppings mostrarem o pior de si, graças à incapacidade de compreender e assimilar as diferenças entre classes, estimuladas por anos de preconceito e ignorância. Nossa classe média alta acha mesmo que tudo que se conquistou de "bom" só pode ser usufruído por eles. 
Shopping Centers seriam exclusividade daqueles de pele, clara e obediência cega e estrita a um código de vestimenta que elimina bonés, sandálias e bermudas, e principalmente o funk, ou qualquer referência a ele.
O vislumbre desses sinais da presença de indivíduos "inferiores" que, para a cabeça escrota e tacanha da classe de merda, representam perigo imediato (de que? não sei) tem propiciado episódios de segregação sócio/racial com a necessidade da presença da polícia, não para prender os cheirosos e criminosamente preconceituosos classe mérdia, mas para coibir e intimidar seres que tem exatamente os mesmos direitos de ir e vir e de frequentar esses espaços de consumo que os racistas consideram exclusivos seus.
Ontem em SP (tudo que é de ruim e excludente vem de lá), no shopping Guarulhos, a polícia foi chamada por que o fantasma do funk rondava o local. Na realidade o único fantasma era o da exclusão de um apartheid, mudo, mas extremamente barulhento que assola o estado mais rico e excludente do Brasil.
Se tiver estômago leia abaixo, clicando na MERDA a matéria fecal publicada pela Folha.


  
*AmoralNato 

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