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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, dezembro 27, 2013

A Globo e Joaquim Barbosa são um caso indefensável



A Globo e Joaquim Barbosa são um caso indefensável de conflito de interesses
Joaquim_Barbosa83_Marinho
JB com João Roberto Marinho num prêmio que o Globo lhe ofereceu.

Com seu filho empregado na Globo, JB fica moralmente impedido de julgar coisas relativas à Globo. 

Paulo Nogueira, via Diário do Centro do Mundo 

Devem imaginar que nós somos idiotas, a Globo e Joaquim Barbosa. Não há outra explicação. Como pode a Globo dar emprego ao filho de JB? E como JB pode deixar que isso ocorra? 

Neste exato momento, a Globo enfrenta uma questão multimilionária na Receita Federal. 

Documentos vazados – demorou para que isso ocorresse – por alguém da Receita contaram uma história escabrosa. 

Os documentos revelam, usemos a palavra certa, uma trapaça. Com o uso de um paraíso fiscal, a Globo fingiu que estava fazendo uma coisa quando comprava os direitos de transmissão da Copa de 2002. 

A Globo admitiu a multa que recebeu da Receita. 

E em nota alegou ter quitado a dívida. Mas a fonte da Receita disse que não é verdade. E pelo blog O Cafezinho, que trouxe o escândalo, desafiou a Globo a mostrar o recibo. Apenas para constar. 

O dinheiro que a Globo não recolheu constrói escolas, hospitais, portos, aeroportos etc. etc. 

Mas, não pago, ele termina na conta dos acionistas. Foi, além do mais, usado um paraíso fiscal, coisa que está dando prisão na Europa hoje em dia. Isto tudo posto, vamos supor que uma questão dessas termine no STF. 

Qual a isenção de JB para julgar? 

É uma empresa amiga: emprega o filho dele. Dá para julgar? E a sociedade, como fica? 

Gosto de citar um dos maiores jornalistas da história, Joe Pulitzer. Às equipes que chefiei, citava exaustivamente uma frase que é vital para o exercício do bom jornalismo. 

“Jornalista não tem amigo”, escreveu Pulitzer. 

O que Pulitzer dizia: “Se você tem amigos, você não vai tratá-los com a neutralidade devida como repórter ou editor.” 

A Globo está cheia de amigos, e esta é uma das razões pelas quais seu jornalismo é tão viciado – e seus donos tão ricos. 

Mas as amizades de JB são ainda mais preocupantes, dado o cargo que ele ocupa. 

A Justiça brasileira é um problema dramático. 

Recentemente, os brasileiros souberam das estreitas relações entre o ministro Fux, também do Supremo, e um dos maiores escritórios de advocacia do Rio. Sua filha, advogada, é empregada deste escritório. 

Como Fux pode julgar uma causa deste escritório? Não pode. 

Há um claro conflito de interesses. O mesmo vale para Joaquim Barbosa. 

Quem acredita que ele não enxergou o conflito de interesses no emprego dado a seu filho na Globo acredita em tudo. É um caso tão indefensável que a Globo, inicialmente, negou a informação, obtida pela jornalista Keila Jimenez, da Folha. 

Procurada, a Globo, diz a Folha, negou a contratação. Disse que o filho de JB fora “apenas fazer uma visita ao Projac”. Só depois admitiu. 

É uma história particularmente revoltante quando se lembra a severidade com que JB comandou o julgamento do “mensalão”. 

Ele fez pose de Catão com suas catilinárias anticorrupção e impressionou muitos brasileiros que podem ser catalogados na faixa dos inocentes úteis. 

Mas se fosse Catão não permitiria que seu filho trabalhasse na Globo. 

Não pagaria – como revelou o Diário – com dinheiro público a viagem de uma jornalista do Globo para uma viagem de completa irrelevância para a Costa Rica, apenas para obter cobertura positiva do jornal. 

Não usaria, como se soube agora, recursos públicos para ver um jogo do Brasil num camarote de apresentadores – claro – da Globo [nota do Limpinho: 

“Coincidentemente”, o camarote que JB e seu filho assistiram ao jogo do Brasil e Inglaterra era de... Huck e Angélica.]. E provavelmente Catão também jamais gastasse o equivalente a R$90.000,00, em dinheiro do contribuinte, para uma reforma. 

Joaquim Barbosa não tem autoridade moral para ocupar o cargo que ocupa: infelizmente os fatos são claros. 

Ele é um drama, uma calamidade nacional. 

Sêneca dizia que era mais fácil começar uma coisa errada do que depois resolvê-la. 

A nomeação de JB por Lula – que procurava um juiz negro para o Supremo – foi um erro monumental. 

Resolvê-lo agora é uma enorme, uma trágica dificuldade.

do BLOG JANELA DO ABELHA
*cutucandodeleve

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