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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, dezembro 30, 2013

     GM demite na véspera do Ano Novo



Por Altamiro Borges

De forma covarde e cruel, a multinacional estadunidense GM demitiu centenas de operários da unidade de São José dos Campos, no interior paulista, neste final de semana. Os metalúrgicos foram avisados por telegrama da sua dispensa na véspera do Ano Novo. O facão atingiu os trabalhadores da linha de montagem de veículos de passageiros (MVA), onde era fabricado o modelo Classic. "A decisão nos pegou de surpresa", afirma Antônio Ferreira Barros, presidente do sindicato da categoria.

Segundo relato do Estadão, "os trabalhadores receberam telegramas informando que a partir de 31 de dezembro eles estarão demitidos". O sindicato, filiado à CSP-Conlutas, sequer foi comunicado sobre os cortes e ingressará na Justiça do Trabalho exigindo o cancelamento das "demissões em massa". A entidade ainda não tem informações seguras sobre o total de atingidos, mas o setor empregava 750 operários, sendo que 304 já tinham aderido ao programa de demissão voluntária. O restante estava em licença remunerada e deveria iniciar um período de férias coletivas entre os dias 2 e 20 de janeiro.

Numa nota lacônica, a GM apenas informou "o encerramento das atividades da linha de montagem de veículos de passageiros (conhecida como MVA)". Já o diretor de assuntos institucionais da empresa, Luiz Moan, ainda tentou queimar a direção do entidade da categoria: "Estamos cumprindo o acordo assinado com o sindicato em janeiro deste ano". O líder sindical Antônio Ferreira Barros rechaça a insinuação e lembra que as demissões ocorrem quatro dias após o governo decidir voltar a cobrar, de forma gradual, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Segundo afirma, a volta da cobrança do imposto em duas etapas estaria vinculada ao compromisso de manutenção de empregos nas montadoras. "Esse será o argumento do sindicato para contestar judicialmente as demissões. Na sua avaliação, com os cortes na GM, esse compromisso teria sido quebrado". Na prática, a multinacional ianque - a exemplo das outras montadoras de automóveis - faz chantagem com os empregos dos trabalhadores para obter novas vantagens do governo federal.
*Ajusticeiradeesquerda

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