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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, outubro 05, 2014

Suécia vai ser primeira na UE a reconhecer Palestina


Stefan Lofven, o novo primeiro-ministro sueco
Stefan Lofven, o novo primeiro-ministro suecoFotografia © REUTERS/Henrik Montgomery/TT News Agency
No seu discurso inaugural ao parlamento, o novo primeiro ministro sueco, Stefan Lofven, declarou hoje que a Suécia vai reconhecer o estado da Palestina. Torna-se assim no primeiro membro da Europa dos 15 a fazê-lo.
Stefan Lofven, dirigente do partido dos Sociais Democratas, fez hoje o seu primeiro discurso enquanto primeiro ministro, e o anúncio do reconhecimento do estado da Palestina é, assim, o seu primeiro ato oficial.
"O conflito entre Israel e a Palestina só pode ser resolvido através de uma solução de dois estados," afirmou. Esta solução "requer reconhecimento mútuo e uma vontade de coexistir pacificamente. A Suécia vai portanto reconhecer o estado da Palestina." Por agora, o primeiro ministro não deu indicação de quando esse reconhecimento será oficializado.
O partido dos Sociais Democratas venceu o mês passado as eleições legislativas suecas, embora sem maioria. O partido de Stefan Lofven coligou-se depois com os Verdes e outras forças de esquerda.
A União Europeia não tem posição oficial relativamente ao reconhecimento do estado da Plestina. A maioria dos países europeus não o reconhecem, com a exceção de alguns países da Europa de Leste. No entanto, como é o caso da Polónia ou da Hungria, deram esse reconhecimento antes de se juntarem à UE. A Suécia torna-se portanto no mais antigo membro da União Europeia a tomar esta posição.
Os Estados Unidos e Israel são os principais opositores do reconhecimento da Palestina enquanto estado, defendendo que uma solução de dois estados para o conflito só pode advir de negociações entre Israel e a Palestina, negociações essas que se encontram suspensas. Embora a maior parte da Europa e da América do Norte não reconheçam a Palestina, o estado é reconhecido por grande parte dos países africanos, asiáticos e sul-americanos..
*http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4160188&seccao=Europa

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