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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, janeiro 30, 2015

Dilma na Celac: Bloqueio a Cuba é 'último resquício da guerra fria' e deve ser superado

Para sair da estagnação econômica, presidente propôs fórum de empresários no marco do bloco e destacou exemplo do Brasil no combate à pobreza
A presidente Dilma Rousseff iniciou seu discurso na III Cúpula da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) exaltando a retomada das negociações entre Cuba e Estados Unidos. No entanto, a mandatária brasileira ressaltou ser preciso que o país norte-americano retire o bloqueio econômico imposto à ilha e classificado por ela como “o último resquício da guerra fria em nosso continente”.
Agência Efe

III Cúpula da Celac encerra nesta quinta-feira (29/01)
Durante o encontro realizado em San José, na Costa Rica, Dilma ressaltou que o bloqueio é uma “medida coercitiva, sem amparo no Direito Internacional, que afeta o bem-estar do povo cubano e prejudica o desenvolvimento do país e deve ser superada".
Com relação ao tema central do encontro, Dilma ressaltou os índices obtidos pelo Brasil no combate à insegurança alimentar e citou os esforços do governo para garantir a retirada de 22 milhões de pessoas da extrema pobreza nos últimos quatro anos. “Estamos resgatando os brasileiros da extrema pobreza e criando novas oportunidades para que progridam e melhorem continuamente de vida”, afirmou.
A pobreza que afeta 28% da população da América Latina e do Caribe. Para a mandatária, os avanços na área social têm sido uma tendência em todos os países da região. “É um grande orgulho saber que este processo de inclusão social é comum a todos os nossos vizinhos da América Latina. Todos os indicadores disponíveis mostram que, na última década, a pobreza e a extrema pobreza diminuíram muito na região”, disse.
Rousseff também abordou o atual momento econômico mundial considerado “muito complexo”. Para ela, parte dos efeitos da crise foi amenizado com o modelo adotado na região, com forte investimento social e políticas anticíclicas. Mas “a recuperação da economia não está ocorrendo de acordo com o esperado”.
Agência Efe

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Desta forma, “a cooperação entre os países que compõem a comunidade será decisiva para enfrentar os desafios da crise econômica mundial e retomar o crescimento robusto”, disse. Neste sentido, defendeu a implementação de medidas imediatas para impulsionar a atividade comercial, como a criação de um fórum multissetorial.
Segundo a mandatária, a “cooperação por meio do comércio intrarregional e do estímulo ao desenvolvimento e integração das cadeias produtivas são medidas urgentes”.
“Gostaria de propor um Fórum de Empresários da Celac com a participação dos governos e das empresas. Seu objetivo será desenvolver o comércio, aproveitando as oportunidades diversificadas que nossas economias oferecem e estimular a integração produtiva no espaço Celac, promovendo nossas relações com o resto do mundo. O Brasil valoriza o papel da Celac como área de cooperação e de acordo e esse será mais um passo nessa valorização”, concluiu a presidente.
Ouça a íntegra do discurso de Dilma Rousseff:

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