Foi um verdadeiro massacre. O Centro Cívico, em Curitiba, ao contrário do que o nome da praça sugere, foi transformado em campo de guerra para operações militares na tarde deste dia 29 de abril. A mando do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), quase 2.000 policiais militares utilizaram escudos, cassetetes, balas de borracha, spray de pimenta, bombas de gás lacrimogênio, jatos d’água, cavalaria, cachorros e até helicóptero para, covardemente, massacrar professores da rede estadual que estão em greve há três dias e tentavam acompanhar uma sessão da Assembleia Legislativa. Cerca de 20.000 pessoas participavam do protesto, das quais mais de 200 ficaram feridas.
Os deputados estaduais votaram hoje, a portas fechadas, o segundo turno do “pacotaço” de ajuste fiscal elaborado pelo Governo do Estado, cujo centro é o corte de investimentos em aéreas sociais e a retirada de direitos trabalhistas para “economizar” recursos dos cofres públicos e “equilibrar” as contas do Estado. Entre outras maldades, o projeto, aprovado por 31 votos a favor e 20 contrários, determina que os servidores públicos arquem com parte do fundo de previdência social, prejudicando cerca de 33.500 servidores públicos.
Em nota, o Sindicato do Professores do Paraná (APP-Sindicato) repudiou a violência e afirmou que “centenas de policiais foram deslocados(as) de todas as regiões para a capital apenas com o intuito de garantir a votação de uma proposta que poderia ter encontrado consenso, mas que, pela ganância e incompetência do governador, teve sua discussão atropelada. A polícia, em uma obediência cega e cruel, atirou milhares de balas de borracha, bombas de gás e jatos de água em pessoas que protestavam contra um projeto que coloca em risco suas aposentadorias. O futuro suado de cada um de nós, servidor e servidora do Paraná”.
O deputado federal Enio Verri (PT) disse que “é uma atitude truculenta e absurda, ultrapassada, parece o Brasil do século 19. São trabalhadores organizados fazendo uma mobilização não para conquistar direitos, mas para não perdê-los”, afirmou.
Há pouco mais de dois meses, uma greve histórica dos servidores públicos do Estado do Paraná, em especial a categoria dos professores, já havia sacudido o Paraná e dado um grande exemplo de luta aos trabalhadores de todo o Brasil. Entraram em greve naquela ocasião professores da rede estadual de ensino básico, professores e técnico-administrativos das universidades de Londrina e Maringá, agentes penitenciários, engenheiros, servidores da Saúde, do Judiciário, do Ministério Público e do Detran, entre outros. Agora, com a quebra dos acordos estabelecidos entre as entidades representativas dos servidores e o governador, nova greve geral está sendo preparada.
Da Redação
*AVerdade
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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, abril 30, 2015
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