Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, abril 25, 2015

Stédile foi a melhor expressão do pensamento de Tiradentes, e do simbolismo de sua luta contra a tirania da colônia portuguesa (hoje revisitada no imperialismo estadunidense).

{"uid":4,"hostPeerName":"http://www.brasil247.com","initialGeometry":"{\"windowCoords_t\":0,\"windowCoords_r\":1231,\"windowCoords_b\":655,\"windowCoords_l\":0,\"frameCoords_t\":1316,\"frameCoords_r\":767,\"frameCoords_b\":1596,\"frameCoords_l\":431,\"styleZIndex\":\"auto\",\"allowedExpansion_t\":0,\"allowedExpansion_r\":0,\"allowedExpansion_b\":0,\"allowedExpansion_l\":0,\"xInView\":0,\"yInView\":0}","permissions":"{\"expandByOverlay\":true,\"expandByPush\":false,\"readCookie\":false,\"writeCookie\":false}","metadata":"{\"shared\":{\"sf_ver\":\"1-0-2\",\"ck_on\":1,\"flash_ver\":\"16.0.0\"}}","reportCreativeGeometry":false}" scrolling="no" marginwidth="0" marginheight="0" width="336" height="280" data-is-safeframe="true" style="margin: 0px; padding: 0px; border-width: 0px; outline: 0px; vertical-align: bottom; background-image: initial; background-attachment: initial; background-size: initial; background-origin: initial; background-clip: initial; background-position: initial; background-repeat: initial;">
247 - O procurador de Justiça Afonso Henrique de Miranda, que é coordenador do Centro de Apoio Operacional da promotoria agrária, e o doutor em direito José Luiz Quadros de Magalhães, que é professor titular da PUC-MG em Direito Constitucional, assinam artigo, para o Portal Fórum, no qual comentam as críticas feitas ao governador Fernando Pimentel por ter concedido ao líder do Movimento Sem Terra, João Pedro Stédile, a Grande Medalha da Inconfidência.
"A celeuma em torno da medalha de Stédile diz mais sobre a conjuntura nacional atual do que da pretensa mácula à história da Inconfidência Mineira. A mesma honraria foi concedida pelo ex-governador Itamar Franco, ao MST, em 1999, sem nenhum alarde da direita raivosa. Mas os tempos novos em que o discurso de ódio ganhou as ruas permite que setores conservadores da sociedade mineira tentem constranger o governador em sua postura de diálogo com os movimentos sociais. Não tenhamos dúvida. Dentre os agraciados, Stédile foi a melhor expressão do pensamento de Tiradentes, e do simbolismo de sua luta contra a tirania da colônia portuguesa (hoje revisitada no imperialismo estadunidense). O Tiradentes da atualidade é Stédile!", afirma.
Abaixo o texto na íntegra:
Causou grande repercussão na Assembleia Legislativa e nas altas rodas empresariais a condecoração dada a João Pedro Stédile pelo governador Fernando Pimentel, após aprovação do conselho permanente da medalha. O principal representante do MST recebeu das mãos de Pimentel a Grande Medalha da Inconfidência. Alegaram alguns que o agraciado não prestou nenhum serviço relevante à coletividade. Líderes da oposição na ALMG ainda acusaram Stédile de crimes contra o patrimônio e ameaçaram cassar os efeitos da honraria através de decreto legislativo.
Ora, é necessário lançar luz ao tema, principalmente sob a ótica da História e do Direito.
Sob a égide legalista, não atende à pretensão dos insatisfeitos a jurisprudência pátria. O talvez mais relevante julgado dos tribunais superiores, divisor de águas do tratamento jurídico dado às ocupações de terra e de prédios públicos, ocorreu na 6ª turma do STJ, no HC nº 5.574/SP, em abril de 1997. O relator Ministro Luiz Vicente Chernicciaro, asseverou em seu voto: A postulação da reforma agrária,(…) não pode ser confundida, identificada com o esbulho possessório, (…). A finalidade é outra. Ajusta-se ao Direito. (…) Insista-se. Não se está diante de crimes contra o Patrimônio. Indispensável a sensibilidade do magistrado para não colocar, no mesmo diapasão, situações jurídicas distintas.
Do ponto de vista da História, menor razão acorre às manifestações dos insatisfeitos. O Sr. Stédile tem, no último período, viajado o Brasil como um dos principais expoentes da luta antiimperialista, em defesa das riquezas nacionais, como o Pré-Sal e a Petrobras. Também se destaca, com seu “exército”, na linha de frente contra as tentativas de golpe institucional, preservando os valores da democracia e da república. Dialoga amplamente com setores organizados da sociedade, que vão da Igreja a movimentos sociais, da juventude a sindicatos e partidos. Tem encabeçado iniciativas de moralização da política, como a reforma do sistema eleitoral, através de plebiscito popular, cuja principal bandeira é o fim do financiamento privado das campanhas.
Por ter dado a vida por dedicação a diversos temas de interesse público – e não só a reforma agrária – foi recebido por diversos chefes de Estado, lideranças políticas nacionais e internacionais e até pelo Papa Francisco, que convidou Stédile para coordenar uma conferência mundial de lideranças populares em 2014.
A celeuma em torno da medalha de Stédile diz mais sobre a conjuntura nacional atual do que da pretensa mácula à história da Inconfidência Mineira. A mesma honraria foi concedida pelo ex-governador Itamar Franco, ao MST, em 1999, sem nenhum alarde da direita raivosa. Mas os tempos novos em que o discurso de ódio ganhou as ruas permite que setores conservadores da sociedade mineira tentem constranger o governador em sua postura de diálogo com os movimentos sociais.
Não tenhamos dúvida. Dentre os agraciados, Stédile foi a melhor expressão do pensamento de Tiradentes, e do simbolismo de sua luta contra a tirania da colônia portuguesa (hoje revisitada no imperialismo estadunidense). O Tiradentes da atualidade é Stédile!
*247

Nenhum comentário:

Postar um comentário