MOVIMENTOS FARÃO DESCOMEMORAÇÃO DOS 50 ANOS DA GLOBO
O aniversário de 50 anos da TV Globo será “descomemorado” em, pelo menos, seis estados brasileiros no domingo (26); movimentos sociais, sindicatos e outras entidades vão realizar manifestações para reivindicar um marco regulatório para democratizar a comunicação no Brasil e denunciar a manipulação da opinião pública, a influência sobre o poder político e os ataques contra quem não partilha dos mesmos interesses da emissora; “A Globo se tornou um poder que impede uma maior circulação de ideias e a ampliação da liberdade de expressão”, defendeu o colunista da RBA Laurindo Leal Filho
24 DE ABRIL DE 2015 ÀS 20:38
Rede Brasil Atual – O aniversário de 50 anos da TV Globo será “descomemorado” em, pelo menos, seis estados brasileiros no próximo domingo (26). Movimentos sociais, sindicatos e outras entidades vão realizar manifestações para reivindicar um marco regulatório para democratizar a comunicação no Brasil e denunciar a manipulação da opinião pública, a influência sobre o poder político e os ataques contra quem não partilha dos mesmos interesses da emissora.
“A Globo se tornou um poder que impede uma maior circulação de ideias e a ampliação da liberdade de expressão”, defendeu o colunista da RBA Laurindo Leal Filho, o Lalo, em entrevista ao Brasil de Fato.
A TV Globo foi criada em 1965, sob o primeiro governo da ditadura iniciada em 31 de março do ano anterior. E hoje é uma cinco maiores redes de televisão do mundo. Antes dela já existiam o jornal O Globo, fundado em 29 de julho de 1925 no Rio de Janeiro, e a Rádio Globo, fundada em 2 de dezembro de 1944. Além desses, as Organizações Globo mantêm afiliadas de TV em todo o país, outras emissoras de rádio – como a CBN –, além de revistas, portais de internet e jornais locais, em um total de 122 veículos.
A emissora mantém parceria com TVs afiliadas que são ligadas, por exemplo, a senadores e deputados, como a família Sarney, no Maranhão, a família de Antônio Carlos Magalhães (ACM), na Bahia, a família Collor, em Alagoas; e do senador Jader Barbalho (PMDB), no Pará. Essa prática viola o artigo 54 da Constituição, que veta a propriedade de concessões de rádio e TV por políticos.
“As Organizações Globo ocuparam um espaço que foi aberto na sociedade brasileira a partir da ideia de que não deve existir regulação para os meios de comunicação. Ocuparam, desde o início, sem nenhum tipo de controle, o espaço eletromagnético, as ondas de rádio e TV. Com isso, criaram uma estrutura que acabou se tornando praticamente monopolista”, avaliou Lalo.
A Constituição de 1988, no parágrafo 5º do artigo 220, vetou o monopólio ou oligopólio dos meios de comunicação. Isso significa que não é permitida a propriedade cruzada – um mesmo grupo deter rádio, TV e jornal em uma mesma cidade, por exemplo. No entanto, tal norma nunca foi regulamentada, ficando, até hoje, sem aplicação no país.
Para os ativistas, a emissora tem um “DNA golpista”, ficando sempre contra as pautas progressistas e criminalizando a luta de movimentos sociais e entidades sindicais. Ao mesmo tempo, ainda como rádio e jornal, foi apoiadora do movimento contra o governo de Getúlio Vargas até seu suicídio em 1954. E depois deu sustentação ao movimento contra o presidente João Goulart (1961-1964), que culminou no golpe de estado em 1964.
“A emissora é filha bastarda do golpe militar de 1964. O então diretor do jornal O Globo Roberto Marinho foi um dos principais incentivadores da deposição do presidente João Goulart, dando sustentação ideológica à ação das Forças Armadas. Um ano depois, foi fundada a sua emissora de televisão, que ganhou as graças dos ditadores. O império foi construído com incentivos públicos, isenções fiscais e outras mutretas. Os concorrentes no setor foram alijados, apesar do falso discurso global sobre o livre mercado”, diz um trecho do manifesto lançado pelos organizadores do ato.
Já nos anos 1980, a emissora deixou de cobrir as mobilizações que ocorriam em todo o país pelas eleições diretas – o movimento Diretas Já. A maior manifestação do movimento, realizada na praça da Sé, em São Paulo, em 25 de janeiro de 1984, com 1,5 milhão de pessoas, foi tratada com um ato pelo aniversário do município pela TV Globo. O episódio foi relembrado pela própria Globo em seu programa de comemoração dos 50 anos, esta semana.
Nos últimos meses, a TV Globo tem oferecido coberturas completas das manifestações que pedem o impeachment da presidenta da República, Dilma Rousseff, chegando a transmitir jogos do campeonato paulista de futebol no sábado, para garantir a transmissão dos protestos no domingo. Já os professores paulistas cobraram a emissora publicamente por não cobrir a greve iniciada em 13 de abril e que hoje chegou a 42 dias de paralisação.
“A Globo é responsável pelo não aprofundamento da democracia no Brasil. Ela faz isso através de dois mecanismos. O primeiro é a questão cultural, mantendo a população alienada, afastada do processo político. De outro lado, está a defesa de interesses antipopulares. Do governo Vargas até hoje, (a Globo) esteve comprometida com as classes dominantes do Brasil. Todas as bandeiras populares que aprofundariam a democratização do país são demonizadas”, afirmou Lalo.
Outro ponto destacado pelos manifestantes é a acusação de que a emissora sonega impostos. A Globo não apresentou o Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) do pagamento dos impostos, relativos à compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002. “O que só reforça a suspeita da bilionária sonegação da empresa. A falta de transparência do império em inúmeros negócios é total. Ela prega o chamado “Estado mínimo”, mas vive mamando nos cofres públicos, seja através dos recursos milionários da publicidade oficial ou de outros expedientes mais sinistros”, diz outro trecho do manifesto da 'descomemoração'.
Estão entre as organizações que convocam os protestos o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), a CUT, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a União Nacional dos Estudantes (UNE).
Atos de “descomemoração” dos 50 anos da TV Globo:
Sábado, 25 de abril
Sábado, 25 de abril
Viçosa-MG
Panelaço no horário do "Show dos 50 anos", que a emissora exibe às 22h
Domingo, 26 de abril
São Paulo-SP
Praça General Gentil Falcão, no Brooklin Novo, às 15h, de onde vão marchar até a sede da Globo, nas proximidades
Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/373059119549128/
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Bagé-RS
Praça dos Esportes, Presidente Vargas 145, às 15h
Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/811709205587212/
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Brasília
Em frente à sede da emissora, na W3 Norte (próximo ao Shopping Brasília), às 13h
Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/1422568291383735/
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Recife
Praça do Arsenal, centro do Recife, às 15h
Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/1555845808009455/
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Belo Horizonte
Av. Carlos Luz, 800 (próximo à igreja Santa Clara), bairro Caiçara, às 13h
Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/1598703507052464/
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Segunda, 27 de abril
Curitiba
Aula Pública "Qual o papel da mídia do debate da Redução da maioridade penal?"
Colégio Estadual São Pedro Apostolo - rua Primeiro de Maio, 1.160 - Xaxim, Boqueirão, às 19h
Colégio Estadual São Pedro Apostolo - rua Primeiro de Maio, 1.160 - Xaxim, Boqueirão, às 19h
Quarta-feira, 29 de abril
Aula Pública de “descomemoração” dos 50 anos da Globo
18h - Concentração na praça Santos Andrade/ velório da hegemonia, monopólio e da manipulação
18h30 - Marcha fúnebre
19h - Aula Pública na Boca Maldita
Evento: https://www.facebook.com/events/1576318852652962/
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