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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, abril 23, 2015

"GLOBO" NASCEU SOB AS BENÇÃOS DA DITADURA

Globo cresceu às custas da Embratel, financiada com dinheiro público O jornalismo que ataca a democracia

"No dia 26 de abril, a 'Rede Globo', maior conglomerado de comunicação do país, fará uma grande festa para comemorar seus 50 anos.
Os movimentos sociais que lutam pela democratização das comunicações brasileiras se organizam para [amanhã], dia 23, promoverem atos intitulados de “descomemoração”.
É a resposta da sociedade organizada a um grupo jornalístico que, nesse meio século de existência, tem prestado enorme desserviço à verdade e à democracia.
Criada oficialmente em abril de 1965, a TV Globo nasceu sob as bênçãos da ditadura que, um ano antes, havia promovido o golpe militar contra o governo legitimamente eleito de João Goulart.
Em setembro daquele mesmo ano, o governo militar criaria a Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações). A ideia era montar uma grande infraestrutura nacional que pudesse levar aos brasileiros de todas as regiões a visão única e reacionária dos militares.
A TV Globo forneceria o conteúdo e a Embratel a rede de telecomunicações. Num processo de canibalização de diversas emissoras regionais, a Globo se transformou numa potência de comunicação. E jamais foi uma afilhada mal agradecida.
Durante todo o período militar, a Rede Globo serviu com entusiasmo seus padrinhos. O símbolo maior dessa subserviência foi um programa lançado na TV Tupi, mas imediatamente contratado pela TV Globo – "Amaral Netto, o Repórter".
Apresentado por um ex-deputado udenista que passou pelo MDB e, a partir de 1966, se filiou ao partido oficial da ditadura, a Arena, o programa era o porta-voz dos “grandes feitos” militares. Apresentado em horário nobre – primeiro aos sábados e, depois, aos domingos à noite – durou de 1968 a 1983.
Em 1984, quando os brasileiros voltaram a ocupar as ruas em manifestações populares exigindo eleições diretas para a presidência da República, o governo do general João Figueiredo agiu com a truculência de sempre tentando impedir o avanço da campanha das "Diretas Já".
Contou com o aliado de todas as horas, o Sistema Globo, que escondia as manifestações até ser atropelado pelas multidões que lotavam as avenidas do Rio e de São Paulo e, em seguida, de todas as capitais brasileiras. Apesar disso, a Emenda Dante de Oliveira foi rejeitada na Câmara dos Deputados.
Com a redemocratização, em 1985, e a inesperada posse de José Sarney na presidência, as Organizações Globo se mantiveram ao lado dos vitoriosos.
E conseguiram emplacar ninguém menos que um grande amigo da família, o político baiano Antônio Carlos Magalhães, como ministro das Comunicações. Conhecido como "Toninho Malvadeza", o ministro fez justiça ao apelido, perseguindo políticos desafetos e trabalhadores.
Em 1987, Magalhães tentou beneficiar a Globo, passando por cima da lei, no chamado "Caso Vicom". A "Vicom" era um consórcio formado pelas Organizações Globo, Bradesco e Victori Comunicações para explorar um serviço de comunicações de dados, prerrogativa exclusiva da Embratel, então estatal.
O contrato só não foi adiante porque os trabalhadores da Embratel, a partir do Rio de Janeiro, realizaram uma greve nacional.
No processo de elaboração da Constituição de 1988, a Globo liderou os setores que se opunham ao Capítulo da Comunicação Social. Por força dessa pressão, que permanece, até hoje os artigos 220 e 223 da Constituição não foram regulamentados.
Sempre na contramão dos interesses populares, na eleição de 1989, a primeira depois do fim da ditadura, a Globo editou o debate entre Collor e Lula, favorecendo Fernando Collor, o “Caçador de Marajás”, candidato dos meios de comunicação e das elites.
Collor foi afastado em 1992, depois de ter sofrido o impeachment, e a Globo desembarcou de mala e cuia na campanha de Fernando Henrique Cardoso/PSDB.
Apoio que se estendeu pelos dois mandatos de FHC, o presidente que teve um destacado papel na destruição da indústria nacional, privatizando e desnacionalizando [dentre outros] um setor chave, o das telecomunicações.
Em 31 de agosto de 2013, editorial do jornal O Globo intitulado “Apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro”, fazia uma autocrítica às posturas adotadas pelo grupo jornalístico.
Em determinado trecho, o editorial afirma que “a lembrança é sempre um incômodo para o jornal, mas não há como refutá-la. É HistóriaO Globo de fato, à época, concordou com a intervenção dos militares, ao lado de outros grandes jornais, como o Estado de São Paulo, Jornal do Brasil e o Correio da Manhã“.
Os fatos recentes demonstram que essa autocrítica foi mais uma jogada de marketing.
As Organizações Globo continuam na linha de frente do combate aos trabalhadores e à democratização do país. Apoia a lei nefasta da terceirização em massa, o PL 4330/04, e se coloca contra qualquer tentativa de regulação da mídia.
As manifestações programadas para [amanhã], dia 23, pretendem demonstrar que a sociedade brasileira está cansada de manipulações."
FONTE: do "Instituto Telecom". Transcrito no portal "Viomundo" (http://www.viomundo.com.br/denuncias/globo-cresceu-as-custas-da-embratel-financiada-com-dinheiro-publico.html).
*GilsonSampaio

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