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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, abril 24, 2015

Cuba passa a exportar vacina contra câncer de pulmão para os EUA


Cuba: governador de Nova York firma acordo para importar vacina contra câncer de pulmão


Em viagem a Havana, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, assinou um acordo para importar a vacina terapêutica contra câncer de pulmão criada por cientistas cubanos, como foi noticiado pelo jornal Granma nesta quarta-feira (22/04). A missão comercial encabeçada pelo político norte-americano também resultou em um acordo para a entrega de um software dedicado à indústria médica cubana.

A parceria foi acordada entre o Centro de Imunologia Molecular de Cuba e o Instituto Roswell Park contra o Câncer de Nova York. O medicamento oferece a possibilidade de que o câncer de pulmão, mesmo em estado avançado, se converta em uma doença crônica controlável.

“Estamos muito emocionados de poder levar a vacina aos EUA e tratar os pacientes. Isso não teria sido possível sem esta missão comercial, que facilitou a assinatura do acordo”, afirmou a diretora do Instituto Roswell Park, Candance Johnson, que integra a missão.

Cuomo deu entrevista coletiva nesta terça-feira (21/04)
em meio à visita que durou pouco mais de 24 horas na ilha. Por Efe
A vacina CIMAVax-EGF foi desenvolvida pela ilha em 2011 após 15 anos de pesquisa e será o segundo medicamento da indústria farmacêutica cubana a entrar nos EUA. O primeiro foi o Hebertprot-P, contra úlceras pordiabetes, licenciado há dois anos para o mercado norte-americano. Cuba comercializa 38 remédios para cerca de 40 países, o que representa uma importante fonte de divisas para a economia da ilha.

Apenas Cuba e Peru têm a vacina registrada. Brasil, Argentina e Colômbia estão tramitando a inscrição. Reino Unido e Austrália desenvolvem exames clínicos. O medicamento tem direito a patente em qualquer lugar do mundo.

A missão também resultou na criação de um convênio entre a empresa nova-iorquina Infor, que desenvolve softwares para indústrias específicas. De acordo com o conselheiro delegado da empresa Charles Phillips, a companhia “fará um intercâmbio com uma universidade do país para capacitar estudantes que possam manusear essas tecnologias”. Ele disse ainda ter se impressionado com o “nível e a experiência existente em Cuba na área da tecnologia da saúde”.

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