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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Capitalismo Selvagem




Fabricados para não durarem: sabias que a morte de muitos aparelhos e produtos está programada?

Comprar, usar, comprar ou a história secreta da obsolescência programada Baterias que «morrem» 18 meses depois de terem sido estreadas, impressoras que bloqueiam depois de atingirem um determinado número de folhas impressas, lâmpadas que se fundem ao fim de mil horas de uso… Estes exemplos levam a interrogarmo-nos sobre as razões para que os produtos de consumo, apesar dos evidentes avanços tecnológicos, duram cada vez menos. 
A explicação é simples, mas inaceitável: as empresas preparam e executam o que se costuma chamar de obsolescência programada, ou seja, a redução intencional e deliberada do prazo de vida dos seus produtos como forma de incrementar o consumismo. 
O canal 2 da RTVE, televisão pública espanhola, emitiu no Domingo, 9 de Janeiro, às 22h., um documentário sobre o fenômeno da obsolescência programada que se tornou a filosofia produtiva de um cresecnte número de empresas e que se tem mostrado como um motor da economia industrial. «Comprar, tirar, comprar» é o título do documentário, realizado por Cosima Dannoritzer, que foi rodado na Catalunha, França, Alemanha, Alemanha, Estados Unidos e Gana, e descreve não só o fenómeno através de casos concretos e ilustrativos, as consequências ambientais negativas dele decorrentes, mas ainda exemplos de resistência que está a alastar entre os consumidores e as alternativas apresentadas que pretendem salvaguardar a economia e o meio ambiente, como é o caso dos irmãos Neistat, do programador informático Vitaly Kiselev, ou do catalão Marcos López. Fala-se ainda como um país africano comoo Gana se está a transformar numa lixeira informática, para onde é enviada uma boa parte do material usado nos países do primeiro mundo, ao mesmo tempo que entrevista autores que reflectem no assunto, como o economista e defensor da teoria do descrescimento, Serge Latouche que preconiza a redução do consumo e da produção a fim de promover outras formas de riqueza como a amizade e o conhecimento. 
O documentário contém dados interessantes: Mostra, por exemplo, como os fabricantes de lâmpadas, a Philips e a Osram, acordaram secretamente entre si, a obsolescência programadas das lâmpadas por si produzidas. Foi assim que da produção e lâmpadas que tinham uma duração de 2.500 horas se passou à produção de lâmpadas com apenas uma duração de 1000 horas.
Refere-se também o caso do IPOD da Apple, em que a bateria deste aparelho tem uma duração de 18 meses, o que levou vários consumidores norte-americanos a recorrer aos tribunais a fim de denunciar a prática daquela empresa em reduzir o tempo útil dos seus produtos, contradizendo a imagem que a mesma empresa vende como respeitadora do meio ambiente. 
A realizadora do documentário consegiu ainda encontrar na casa de uma antiga jornalista alemã um exemplar de meias de nylon antigas que duravam para toda a vida, tudo o contrário do que acontece com as meias de nylon produzidas actualmente.
A fotografia indica o chip instalado numa impressora
 destinado a registar o número de impressões
Comprar, tirar, comprar

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