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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Propina em família




A foto mostra a cara de felicidade de Lu Alckmin e Geraldo com o casamento da prima do lobista, trambiqueiro e propineiro Paulão, o cunhado de Alckmin.

Denúncia sobre merenda escolar atinge sobrinho de Lu Alckmin
Ex-secretário de Finanças de Pindamonhangaba (SP), Silvio Serrano afirmou em depoimento ao Ministério Público que uma empresa da família de Paulo César Ribeiro, cunhado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), se beneficiou de contrato supostamente fraudado para fornecimento de merenda escolar no município.

Serrano, que foi exonerado do cargo após o surgimento das denúncias, declarou ter conhecimento de que um dos filhos de Ribeiro, Lucas César Ribeiro, "fazia transporte de gêneros alimentícios para a Verdurama".

A Verdurama é suspeita de ser pivô do esquema da merenda. O depoimento foi prestado no dia 26 de novembro do ano passado. O inquérito é sigiloso.

A microempresa da família se chama Lucas CR Transporte e Logística. O endereço informado é o mesmo de onde outro filho de Ribeiro, Thiago César, declara residência. A reportagem esteve no local ontem, mas não havia ninguém.

De acordo com documentos da Promotoria, que fez fotos do local durante diligências, o endereço "trata-se de uma residência".

A Folha apurou que a empresa da família do cunhado de Alckmin emitiu pelo menos 37 notas fiscais seriadas para a Verdurama. Segundo as investigações, há indícios de que se trata de uma empresa de fachada.

Ribeiro é um dos 11 irmãos da primeira-dama, Lu Alckmin. Em entrevista publicada ontem na Folha, o ex-vice-prefeito João Bosco Nogueira (PMDB) citou o envolvimento de Ribeiro no esquema de direcionamento de contratos com a prefeitura, mas disse que o governador não é próximo do cunhado.

Com forte influência na administração local, Ribeiro é suspeito de ter atuado para que a Verdurama vencesse a licitação.

Em troca, receberia uma parte dos valores pagos pela "terceirização" do serviço de entrega, por meio da empresa do filho.

A Verdurama ganhou a concorrência da merenda no valor de R$ 6,8 milhões. Segundo o Tribunal de Contas do Estado, o contrato é irregular e a licitação tem vários indícios de direcionamento.

Ao Ministério Público o ex-sócio da empresa Genivaldo dos Santos afirmou que "houve fraude" na disputa. Ele disse que 10% do valor pago à Verdurama servia para pagamento de propina.
Um dos supostos beneficiados, segundo Genivaldo, seria o próprio Silvio Serrano. O outro seria Paulo Ribeiro. Ambos negam.

Os depoimentos de envolvidos no caso, especialmente Genivaldo, sugerem que a empresa teria feito doações não declaradas à campanha à reeleição do prefeito João Ribeiro (PPS).

Além da empresa de transportes, a família de Ribeiro mantém outros negócios na cidade, como um cemitério, uma funerária e uma empresa de água e esgoto, tem participação no sindicato rural e organiza eventos.

OUTRO LADO

O advogado Gilberto Menin, que defende Paulo César Ribeiro, afirmou que seu cliente não concederá entrevistas "em respeito ao sigilo das investigações".

"Estamos, inclusive, estudando medidas sobre o vazamento do inquérito", afirmou o advogado.

Segundo ele, Ribeiro enfrenta problemas de saúde.

A família de Ribeiro não foi localizada em Pindamonhangaba nos endereços declarados à Junta Comercial de São Paulo. A funerária estava fechada na tarde de ontem.

A Prefeitura de Pindamonhangaba afirma que solicitou investigação do Ministério Público quando surgiram as denúncias e que há uma comissão analisando o caso na Câmara Municipal. Também nega doações não registradas à campanha.

A assessoria da prefeitura confirmou que Ribeiro, "assim como outros empresários, lideranças e pessoas com influência que participaram na campanha" estiveram na casa do prefeito durante a transição de governo. Deu na Folha tucana.

Cunhado de Alckmin roubava merenda das criancinhas


Agentes vigiaram cunhado lobista durante 4 meses

Fausto Macedo

O Estado de S. Paulo - 12/01/2011



Irmão de Lu Alckmin, Paulo Ribeiro é investigado por compra superfaturada de merenda e foi espionado a pedido da promotoria

Paulo César Ribeiro, cunhado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), foi seguido e espionado por agentes a serviço do Ministério Público do Estado durante quatro meses. Eles filmaram e fotografaram o lobista em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, onde ele mora. Também foi alvo do monitoramento o ex-secretário de Finanças da cidade Silvio Serrano.

Ao todo, 15 imagens ilustram o documento confidencial sobre a vigilância ao irmão de Lu Alckmin, mulher do governador, e ao ex-secretário. Em 24 de agosto, os agentes escreveram: "Conforme solicitação foram procedidas diligências na Rua Barghis Mathias, Parque Ypê, Pindamonhangaba, cadastrado em nome de Thiago César Ribeiro."

Paulão, como o cunhado de Alckmin é conhecido na cidade, mora na Rua Barghis Mathias. Thiago é um de seus filhos. "O local trata-se de uma residência e, ao lado, no número 140, existe um galpão com inscrições na parede (Velório Rede Sesolupe), cadastrado em nome de Nilton César Vieira", destaca o texto. Paulão é sócio do Cemitério Memorial da Paz.

A intenção do Ministério Público era conseguir um flagrante de encontro do lobista com Serrano. A promotoria suspeita que Ribeiro indicou Serrano para o cargo de secretário a fim de abrir as portas na administração municipal para a Verdurama, fornecedora de merenda escolar.

O cunhado de Alckmin seria o elo entre a Verdurama e pelo menos 20 prefeituras. A empresa, segundo suspeita o Ministério Público, era favorecida em licitações dirigidas: em troca, teria de fazer doações para campanhas eleitorais dos prefeitos.

Trânsito. No fim de outubro, Serrano foi demitido do cargo de secretário de Finanças pelo prefeito João Ribeiro (PPS), pressionado pela Câmara Municipal de Pindamonhangaba. O ex-vice prefeito João Bosco Nogueira afirmou à promotoria que o lobista tinha trânsito intenso na gestão municipal desde o período de transição - embora não fizesse parte da equipe -, inclusive na secretaria comandada por Serrano.

Os agentes da promotoria montaram bases em outros endereços - todos em Pindamonhangaba - para monitorar os investigados: Rua Major José dos Santos, Estrada Jesus Antonio de Miranda, Avenida Nossa Senhora do Bom Sucesso e Rua Dona Emília Imediato.

Durante vários dias, os agentes acompanharam o movimento no pátio de estacionamento da Prefeitura de Pindamonhangaba. Eles clicaram Serrano entrando em seu veículo, um Honda Civic dourado.

Também fixaram posto na Rua Monte Pascal, bairro da Lapa, na capital paulista, onde fica a sede da Verdurama. Os agentes tinham informação de que o lobista e Serrano iriam participar de uma reunião na empresa supostamente para fechar acordos e valores de comissões sobre os contratos com a prefeitura.


A massa cheirosa nem sempre cheira bem

O casal Alckmin na Daslu, a mega loja tranbiqueira
Denúncia atinge sobrinho de Lu Alckmin
Testemunha disse em depoimento que contrato sob suspeita foi terceirizado para empresa de Thiago César Ribeiro.
Segundo investigação da Promotoria, existem indícios de que firma da família da primeira-dama de SP é de fachada
Ex-secretário de Finanças de Pindamonhangaba (SP), Silvio Serrano afirmou em depoimento ao Ministério Público que uma empresa da família de Paulo César Ribeiro, cunhado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), se beneficiou de contrato supostamente fraudado para fornecimento de merenda escolar no município.
Serrano, que foi exonerado do cargo após o surgimento das denúncias, declarou ter conhecimento de que um dos filhos de Ribeiro, Lucas César Ribeiro, "fazia transporte de gêneros alimentícios para a Verdurama".
A Verdurama é suspeita de ser pivô do esquema da merenda. O depoimento foi prestado no dia 26 de novembro do ano passado. O inquérito é sigiloso.
A microempresa da família se chama Lucas CR Transporte e Logística. O endereço informado é o mesmo de onde outro filho de Ribeiro, Thiago César, declara residência. A reportagem esteve no local ontem, mas não havia ninguém.
De acordo com documentos da Promotoria, que fez fotos do local durante diligências, o endereço "trata-se de uma residência".
A Folha apurou que a empresa da família do cunhado de Alckmin emitiu pelo menos 37 notas fiscais seriadas para a Verdurama. Segundo as investigações, há indícios de que se trata de uma empresa de fachada.
Ribeiro é um dos 11 irmãos da primeira-dama, Lu Alckmin. Em entrevista publicada ontem na Folha, o ex-vice-prefeito João Bosco Nogueira (PMDB) citou o envolvimento de Ribeiro no esquema de direcionamento de contratos com a prefeitura, mas disse que o governador não é próximo do cunhado.
Com forte influência na administração local, Ribeiro é suspeito de ter atuado para que a Verdurama vencesse a licitação.
Em troca, receberia uma parte dos valores pagos pela "terceirização" do serviço de entrega, por meio da empresa do filho.
A Verdurama ganhou a concorrência da merenda no valor de R$ 6,8 milhões. Segundo o Tribunal de Contas do Estado, o contrato é irregular e a licitação tem vários indícios de direcionamento.
Ao Ministério Público o ex-sócio da empresa Genivaldo dos Santos afirmou que "houve fraude" na disputa. Ele disse que 10% do valor pago à Verdurama servia para pagamento de propina.
Um dos supostos beneficiados, segundo Genivaldo, seria o próprio Silvio Serrano. O outro seria Paulo Ribeiro. Ambos negam.
Os depoimentos de envolvidos no caso, especialmente Genivaldo, sugerem que a empresa teria feito doações não declaradas à campanha à reeleição do prefeito João Ribeiro (PPS).
Além da empresa de transportes, a família de Ribeiro mantém outros negócios na cidade, como um cemitério, uma funerária e uma empresa de água e esgoto, tem participação no sindicato rural e organiza eventos.

Silvio Navarro e Fábio Amato da FSP

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