Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, janeiro 21, 2011

Mais de 3 mil protestam contra tarifa de ônibus em SP; PT quer ver planilha de custos

Nova manifestação contra o aumento da tarifa do ônibus em São Paulo reuniu aproximadamente 4 mil pessoas, segundo os organizadores,que percorreram a Paulista, saindo da praça do ciclista até o final da avenida, na praça Oswaldo Cruz. Segundo a Polícia Militar havia entre 2,5 mil a 3 mil manifestantes.
Ao lado dos manifestantes, o vereador José Américo, líder da bancada do PT na Câmara, disse que vai requerer à Secretaria de Transportes uma planilha explicando o aumento de R$ 2,70 para R$ 3. “O secretário precisa explicar o porquê de a tarifa subir acima da inflação. Outro dado é que o transporte público precisa melhorar, mas ele está cada vez pior. Falta ônibus, por exemplo.”
A manifestação, liderada pelo Movimento Passe Livre, é a segunda deste ano. Na última quinta (13), mais de 700 pessoas participaram de passeata pelo centro de São Paulo.
Para a integrante do Bloco ANEL às Ruas (Assembléia Nacional dos Estudantes - Livre), movimento estudantil que faz contraponto a UNE, é um absurdo fazer o trabalhador pagar tanto para se deslocar. "O transporte ainda por cima é caro e horroroso, sempre lotado e demorado. Isso faz com que as pessoas fiquem presas nos seus bairros e não aproveitem a vida cultural da cidade", desabafa.
A passeata incluia na sua maioria estudantes, mas havia também professores, trabalhadores. "Esse aumento é completamente desproporcional ao aumento da inflação e todos os trabalhadores tem dificuldade para arcar com os custos do transporte" aponta Pablo Ortellado, professor da Universidade de São Paulo.
Ortellado ainda comentou a ação da PM na manifestação da semana passada que terminou com atos de violência e 31 manifestantes detidos. " Foi um ato covarde da polícia e está claramente comprovado que os manifestantes estavam seguindo seu curso e foram atacados de uma maneira muito violenta e gratuita".
Durante o percurso pela avenida Paulista, os manifestantes ficaram sentados na altura do metrô Brigadeiro durante 10 minutos. Um helicóptero da PM sobrevoava a região.
Segundo a Polícia Militar, a manifestação é pacífica. "Desde o início do protesto, a PM e os líderes têm tido contato próximo e isso ajudou no andamento", disse o tenente André Luís Zandonadi.
*com textolivre

Nenhum comentário:

Postar um comentário