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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, janeiro 24, 2011

25/01 amanhã vídeo produzido pelo blog cloacanews em homenagem ao aniversário de São Paulo.



Aniversário da cidade de São Paulo.

No aniversário da cidade de São Paulo, façamos uma reflexão sobre esta cidade que é motivo de orgulho para muitos e de frustração para outros.
Cidade superlativa, onde tudo é grandioso, seus monumentos, suas manifestações, sua riqueza e a pobreza das periferias.
Cidade de todas as raças, de todas as cores, de todas as culturas. Cidade da convivência de todas as gentes, brancos , negros , orientais, índios da América do Sul, mulatos de olhos azuis, japoneses loiros e brancos de cabelos sarará.
Cidade de todas as tribos: punks, góticos, emos, manos e minas do movimento hip hop, skin heds, carecas do abc. Progressistas, anarquistas, conservadores, homofóbicos, racistas politizados e “apolíticos”.
Cidade de todas as crenças: católicos progressistas como o caluniado Padre Julio Lancelotti da pastoral dos moradores de rua, católicos carismáticos e seus pop padres cantores, católicos conservadores, evangélicos de mil templos, espíritas kardecistas, orixás do candomblé e pais de santo da umbanda, hare krishnas, budistas, hinduístas, mulçumanos e ateus.
A diversidade cultural de São Paulo, que é a sua grande riqueza, é também seu maior entrave para definirmos a identidade desta cidade e de seus cidadãos.
Nas eleições se mostra conservadora mantendo no poder, políticos que não se elgeriam mais em outras regiões do Brasil. Entretanto, foi progressista em 1988 ao eleger para a prefeitura uma mulher nordestina de esquerda, Luiza Erundina. Elegeu também um negro, Celso Pitta e outra mulher Marta Suplicy.
A contrapartida é que ainda é o berço do Malufismo e ajuda a reeleger um dos políticos mais corruptos e processados pela justiça.
São Paulo tem a maior Parada Gay em número de participantes e foi pioneira na promoção do evento, entretanto ainda tem paulistanos que agridem e matam homosexuais por não suportar a idéia, de que duas pessoas do mesmo sexo andem de mãos dadas na Av.Paulista ou na Praça da República.
Em São Paulo está o Centro de Tradições Nordestinas o que nos dá a dimensão da importância numérica e da influência cultural desse povo na história da cidade. Entretanto, é de São Paulo que saem as manifestações mais preconceituosas e violentas contra os nordestinos como se viu em episódio pós eleição presidencial no Twitter.
Se pensarmos que há pouco menos de um século esta cidade era quase uma aldeia, teremos a dimensão do crescimento meteórico de São Paulo.
Em comemoração ao aniversário de São Paulo no ano de 1932, um artigo publicado na revista “El Intercambio Hispano Brasileño”, revista de publicação mensal da Camara Oficial Española de Comércio e Indústria em São Paulo, podemos ler o seguinte:

“S.Paulo, a cidade dinâmica cujo florescente progresso desconcerta e deslumbra, que se transformou , de pequeno centro de Missões fundado por um ilustre espanhol, o venerado Padre José de Anchieta, em esplêndida urbe de trabalho , cidade monumental e artística, onde as chaminés de suas fábricas recortam orgulhosas a sua altiva silhueta (...) o centro industrial mais importante da América do Sul e a capital mais rica da federação .(...)
Com referência à população da capital do estado de São Paulo, o crescimento durante os últimos 10 anos tem sido assombroso A pequena aldeia de São Paulo de Piratininga, fundada no ano de 1554, contava já em 1920 com 579.033 habitantes e em 1928 com 841.226, calculando-se já em finais de 1930 que ultrapasse 1 milhão de habitantes, sendo a segunda cidade do Brasil e a terceira da América do Sul em número de habitantes.” ( El Intercambio Hispano Brasileño- numero 1. janeiro de 1932.)

Se em 1.932, a cidade de São Paulo deslumbrava empresários espanhóis pelo seu progresso e pela “espantosa” cifra de quase 1 milhão de habitantes, podemos afirmar que não é menos espantoso hoje, com seus 11 milhões de habitantes para qualquer estrangeiro que aqui chegue e para nós também.
Todas as estatísticas de São Paulo são grandiosas: Turismo, empresas, negócios, bancos etc. como se pode comprovar nos Dados da cidade de São Paulo.

PARA ONDE VAMOS ?


São Paulo é uma cidade que surpreende a qualquer estrangeiro ou brasileiro de outros estados, que aqui venham a passeio ou para fazer negócios.
Aqui se encontra de tudo, comércio popular na Rua 25 de março e no Braz comércio sofisticado em Shopping Centers de bairros nobres, comidas típicas de todo mundo, peças teatrais abundantes o ano todo, concertos musicais clássicos e populares, bares e casas noturnas para todos os estilos.
Grandes complexos hospitalares modernos e bem equipados, centros de pesquisa de ponta, instituições de ensino reconhecidas, universidades de renome nacional Museus de arte moderna, arte sacra, contemporânea, tem até museu do futebol.









Surpreende também pelos seus congestionamentos monstros nas Marginais Pinheiros e Tietê, pela super lotação no transporte público, pelas históricas enchentes em bairros que ficam próximos de rios com margens deteriorada pela especulação imobiliária e por falta de planejamento urbano.
Um paulistano, dependendo da região da cidade que more, pode passar até 4 horas no deslocamento casa/trabalho, isso também é surpreendente. Há pessoas que nascem e morrem nos bairros da periferia de São Paulo sem nunca ter conhecido a Praça da Sé, a Avenida Paulista ou o metrô, isto também é surpreendente.
Na cidade que agrega os maiores centros médicos e de pesquisa do país, alguns reconhecidos internacionalmente, há pessoas que ainda morrem por falta de assistência médica básica , mulheres de 50 anos que nunca conseguiram fazer uma mamografia. Há um enorme déficit de vagas em creches para as mães que trabalham, em número cada vez maior. Se andarmos pelas ruas dos bairros mais pobres nos deparamos com cartazes, escritos à mão, na porta de barracos e casebres: “ se cuida de crianças” , para suprir a ausência do poder público.
O número de automóveis nas ruas tem crescido assustadoramente, reflexo do bom momento econômico vivido pelo país, já começa a faltar ruas e sobrar carros. O ar, está mais pesado, o tempo de deslocamento de um lugar a outro aumenta a cada dia, e a qualidade do transporte público vem caindo dia a dia, mas São Paulo continua a surpreender todos os dias, às vezes positivamente outras nem tanto.
Uma urbe moderna e vigorosa como esta, com uma diversidade cultural somente encontrada em grandes metrópoles, com a convivência de tantos grupos e de tantas tendências ainda é de um conservadorismo político assustador.

Para onde vamos?


Depende de cada um de nós, que amamos São Paulo apesar de todas as suas contradições.
Parabéns São Paulo
*Brasilmobilizado

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