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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, janeiro 29, 2011

Mubarak está pronto para fugir do Egito






 



Israel e Estados Unidos já não sabem mais o que fazer. Querem porque querem participar da escolha do novo dirigente do Egito. Mas está difícil porque a população egípcia está irredutível.
Quer escorraçar o ditador Mubarak o mais rápido possível do poder.
Eles não o perdoam porque abandonou os palestinos.
Todos no Oriente Médio sabem disso menos a mídia ocidental.
O mesmo pode-se dizer da Tunísia, Líbano e agora Jordânia e Iêmen.
E logo, logo Mauritânia e Somália.
Líbia, Argélia e Marrocos já mobilizaram seus aparelhos repressivos para enfrentar suas populações.
Barack Obama sabe disso, mas ele nada pode fazer contra o lobby judaico que domina o parlamento e a mídia dos Estados Unidos.
O inconformismo dos árabes aumentou depois que o presidente Lula reconheceu o Estado Palestino, seguido por inúmeros países latino-americanos.
Já são mais de 100 países reconhecendo plenamente o Estado Palestino com fronteiras de 1967.
E soma-se a isso, mais de 60 Ongs de Israel.
Ron Pundak um dos dirigentes do comitê de coordenação das Ongs israelenses, declarou: "Decidimos reconhecer simbolicamente um Estado nas fronteiras de 1967 junto a Israel, com Jerusalém como capital dos dois Estados, assim como fizeram recentemente vários países da América do Sul".
Imaginem a repercussão dessa declaração entre a população árabe.
Mubarak, que tem o hálito de um faraó recém retirado da tumba, tem tanta certeza que seus dias estão contados, que já despachou seus familiares para fora do país com dezenas de malas abarrotadas de dólares e euros.
E se ele ainda não fugiu é porque Estados Unidos e Israel pediram para que permanecesse mais alguns dias para eles negociarem com seu sucessor.
Por enquanto eles só poderiam negociar com Mohamad Al-Baradei. Mas Baradei dificilmente contará com o apoio da população.
Soma-se a isso o fato de que ele dificilmente confiaria nos Estados Unidos. Afinal, apesar de ser Premio Nobel da Paz, foi literalmente escorraçado da Agencia Internacional de Energia Atômica por George W.Bush porque recusou-se a confirmar a existência de armas de destruição em massa no Iraque.
O que apavora Estados Unidos e Israel é a possibilidade de Os Irmãos Muçulmanos assumirem o poder, o que pode levar diversos outros aliados do Ocidente na região a seguir o exemplo egípcio.
A questão que se coloca é clara: ou se reconhece imediatamente o Estado Palestino, ou de nada adiantarão os conchavos.
E o Iran assiste a tudo de camarote...

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