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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, junho 05, 2012

Escândalo em Rio Preto pode atingir caciques do PSDB se chegar em Paulo Preto

A matéria que segue é do Diário da Região de São José do Rio Preto e foi produzida pelos jornalistas Rodrigo Lima e Alexandre Gama.
É impressionante a riqueza de detalhes com que o lobista Alcides Fernandes Barbosa narra como uma quadrilha que operava a licitação para inspeção veicular no Rio Grande do Norte também atuava em São José do Rio Preto e nas grandes obras do Estado de São Paulo como o Rodoanel e a calha do Tietê. E como operava na Dersa (de Paulo Preto) e no Daee.
Leia com atenção e atente para um detalhe. Rio Preto é a cidade do senador Aloysio Nunes Ferreira, que admitiu ser amigo de Paulo Preto que, inclusive, em nome da boa amizade lhe emprestou, em 2007, 300 mil para pagar uma parcela do apartamento que o senador comprou em Higienópolis.
Segue a matéria:

Lobista: ‘Em Rio Preto era tudo uma fraude’

Rodrigo Lima e Alexandre Gama
Alcides Barbosa faz graves acusações
contra Luiz Tavolaro e prefeito Valdomiro Lopes
(Foto: Reprodução)
O lobista Alcides Fernandes Barbosa, preso suspeito de integrar quadrilha que fraudou licitação para inspeção veicular no Rio Grande do Norte, acusou o ex-procurador-geral de Rio Preto Luiz Tavolaro de ter recebido carro e passagens aéreas como presentes de empresas que ganharam licitações na Prefeitura. O lobista disse ainda em depoimento gravado ao MP que Tavolaro “ficava com 35% de tudo o que o prefeito recebia.” Questionado por promotores o nome do prefeito, ele diz: “Valdomiro Lopes.”
Ao longo de mais de 8 horas de depoimento prestados ao Ministério Público potiguar em que detalhou o suposto esquema de fraude no RN, aos quais o Diário teve acesso na íntegra, Barbosa se disse surpreso com o fato de o Ministério Público de Rio Preto ainda não ter iniciado investigação sobre as licitações realizadas pela Prefeitura. “Não sei porque o MP em Rio Preto não entrou ainda. Em São José do Rio Preto era tudo uma fraude.”
A operação Sinal Fechado, desencadeada em novembro de 2011, acusou Tavolaro de prestar assessoria jurídica para a quadrilha na elaboração de edital e projeto de lei para serviço de inspeção veicular naquele Estado que renderia até R$ 1 bilhão em 20 anos para o grupo. A denúncia atingiu também a ex-secretária de Administração de Rio Preto, Eliane Abreu, que teria também prestado serviços jurídicos a pedido do ex-procurador. A denúncia contra ambos, porém, foi rejeitada pela Justiça.
O lobista, apontado pelo MP como “sócio oculto” de Tavolaro, revelou em delação premiada que “todas as empresas que iam prestar serviço em Rio Preto eram colocadas numa sala no escritório de São Paulo e saia dali pronto. Todos os editais de Rio Preto eram feitos em São Paulo. Todos”, afirmou ele, que citou especificamente a licitação para compra de uniformes. Pelas mãos de Tavolaro passaram, em quase três anos, cerca de R$ 120 milhões em licitações, como para obras antienchente e núcleos da esperança e os serviços de coleta do lixo e transporte coletivo.
“O Tavolaro tem um nome muito forte em São Paulo. É muito respeitado”, afirma aos promotores, que o questionam de onde viria tanto prestígio. “Em São Paulo, até hoje, os editais grandes passam pelo Tavolaro. Ele fez o Rodoanel, a calha do Tietê. Todas as grandes obras é o Tavolaro”, afirmou Barbosa, lembrando que antes de Rio Preto o advogado atuou como procurador jurídico no Dersa e no Daee. Em relação à sua atuação em Rio Preto, o lobista se referiu a Tavolaro como “o cérebro”, “o cara” da administração. “O prefeito não faz nada sem ele.”
A acusação de que o ex-procurador teria recebido um carro de empresa vencedora de licitação foi feita quando relatou a conversa que teve com advogados que teriam sido contratados por Tavolaro, por R$ 400 mil, para tirá-lo da cadeia. Uma das condições era manter o silêncio em relação ao contrato de inspeção veicular em Natal. “Não pode falar também do contrato das casas em Rio Preto e não pode falar do carro que ele colocou no meu nome, que ele ganhou de uma empresa de Rio Preto em uma licitação.” Sobre as passagens aéreas para uma viagem a Natal, elas teriam sido pagas, segundo ele, pela Constroeste, que nega a acusação.
Em determinado momento de seu depoimento, o empresário reclama que foi prejudicado em Rio Preto num contrato envolvendo a construção do Parque Nova Esperança. Segundo ele, sua empresa, a ATL Premium, que deveria receber R$ 4,2 milhões, teve o valor reduzido para R$ 1,5 milhão. “Era o contrato da minha vida.” Segundo ele, Tavolaro teria lhe relatado que “o prefeito tá achando que você está ganhando muito.”
Ele afirmou ainda que tem “muita coisa para falar” sobre Rio Preto e que está “à disposição” do Ministério Público local se houver interesse. “Queria falar desde o primeiro dia. Nunca fugi. É que eu não tinha acesso aos promotores (de Rio Preto.) Lá tenho muita coisa para falar. Eu estava preso”, disse o lobista.
Segundo o empresário, após a operação Sinal Fechado, o ex-procurador ficou com “medo de estar sendo monitorado pelo MP de Rio Preto”. “Ninguém em Rio Preto sabia do escritório em SP. Thaís (sobrinha de Tavolaro) foi atender telefonema de um jornalista que estava pegando no pé do Tavolaro e ela deu o endereço. Tavolaro ficou louco e levei tudo (documentos) para a minha casa”, afirmou Barbosa.
Segundo o lobista, ele e Tavolaro se conheceram por conta de um projeto habitacional que seria construído na região da subprefeitura de São Mateus, que tinha Clóvis Chaves como o responsável pelo projeto. O lobista disse que Tavolaro e ele tinham uma relação de “irmão” e, além disso, Tavolaro queria se aproximar do senador Aloysio Nunes (PSDB).
Assista os vídeos gravados pelo Ministério Público durante delação premiada do lobista Alcides Fernandes Barbosa, que fez graves denúncias contra o ex-procurador-geral do município Luiz Antonio Tavolaro e contra o prefeito de Rio Preto, Valdomiro Lopes (PSB).
Parte 1:
Parte 3:
Fonte: site www.nominuto.com
*comtextolivre

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