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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, junho 12, 2012

Liderados pela China, os BRICS apontam para a construção de um PIB mundial, em 2015, maior que os países ditos desenvolvidos.


O poder econômico global está mudando de mãos.
A causa, é o grupo de países emergentes que se apresenta no cenário econômico internacional, de 10 anos para cá, como um bloco sólido e consistente, que cresce a taxas vistosas ano após ano.
Liderados pela China, os BRICS apontam para a construção de um PIB mundial, em 2015, maior que os países ditos desenvolvidos. Veja gráfico abaixo:
É provável que já neste 2012 estejamos empatados, ou seja, o PIB dos emergentes deve ser igual - ou ligeiramente inferior - ao PIB dos ricos.
Deve-se a vários fatores essa mudança de eixo, mas, essencialmente, pelo fato de termos, nós emergentes, iniciado um período de crescimento interno. Com muita força na China e Índia, mas também no Brasil, Russia e África do Sul.
Essa reversão da curva de poder econômico explica-se, ainda, pelo fracassado modelo ocidental de capitalismo. Enquanto as Nações ditas desenvolvidas cultuaram o "mercado" como uma divindade, lançando-se em aventuras consumistas sem qualquer controle ou medida, os emergentes, todos, tangenciaram as regras neoliberais usando a força de seus Estados para gerir, dirigir e orientar suas economias.
Em outras palavras, a intervenção do Estado nas economias emergentes foi decisiva - e ainda é! - para o crescimento sustentável de nossas sociedades. A geração de riqueza está atrelada, necessariamente, à repartição dos ganhos, seja através de emprego, seja através de programas sociais. Assim é na China, na Índia, Brasil, Russia e Africa do Sul.
A imagem abaixo mostra o salto da China, Brasil e Russia no comparativo das 10 maiores economias do planeta em relação ao PIB mundial, enquanto as economias desenvolvidas se arrastam, com crescimentos irrisórios.
A França, por exemplo, despenca do 5º para o 8º lugar do ranking, enquanto o Brasil salta para o 5º  lugar, seguido pela Russia, em 6º.
Os piores dados ficam com USA, Japão e Alemanha, com perda no percentual do PIB mundial. São justamente estas economias que menos interferem no mercado; onde o consumo das famílias é a base de sustentação, agora, enfraquecidas.
É bom notar que estes dados, colhidos do FMI, estão exageradamente otimistas, pois com a crise na Europa do Euro, as economias desenvolvidas podem sofrer ainda mais danos, enquanto os emergentes ainda têm fôlego para crescer de forma equilibrada.
Resta saber o que seremos capazes de fazer com este poder que estamos conquistando.
O mundo desenvolvido está mudando de endereço. E de cara.
No Sandálias do Pirata
*comtextolivre

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