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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 08, 2012

Papanaquices

"Banqueiro de Deus" revela trama diabólica


POLÍCIA ENCONTRA NA CASA DE ETTORE GOTTI TEDESCHI, EX-PRESIDENTE DO BANCO DO VATICANO, UM DOSSIÊ QUE DIZIA: “SE ME ASSASSINAREM, ESTA É A RAZÃO DA MINHA MORTE”; ESCÂNDALO MANCHA O PONTIFICADO DE BENTO XVI

247 – Um documento obtido pela polícia italiana na casa de Ettore Gotti Tedeschi, ex-presidente do Banco do Vaticano, amplia um dos maiores escândalos de todos os tempos na Igreja Católica. Era um pequeno pacote, com vários documentos, onde se lia: “Se me assassinarem, esta é a razão da minha morte”. Ou seja: o “banqueiro de Deus” temia ser assassinado por homens da própria igreja.
Tedeschi comandou o Instituto para as Obras da Religião (IOR), mais conhecido como Banco do Vaticano, entre setembro de 2009 e maio deste ano. Saiu em meio a um escândalo de vazamentos da Santa Sé, que já vem sendo chamado de “Vatileaks”, numa referência ao site Wikileaks.
Agora, sabe-se que Tedeschi tentou se proteger contra um possível assassinato. Seus dossiês citam o cardeal Tarcísio Bertone, sempre cogitado como possível papa, e o secretário particular de Bento XVI, George Ganswein, como personagens envolvidos em operações financeiras irregulares.
De acordo com as investigações, o Banco do Vaticano é acusado de funcionar como uma grande lavanderia, incrustada na capital romana, que se presta à lavagem de recursos da máfia e também de donos de grandes fortunas, que mantêm recursos na Suíça.
Um dos responsáveis pelas denúncias é o jornalista Gianpaolo Nuzzi, que escreveu dois livros sobre o caso. O primeiro se chama Vaticano S/A e já foi publicado no Brasil. O segundo, intitulado Sua Santidade, continua inédito.

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